Evento ressurge após pausa de dois anos devido à COVID-19. Criar abertura para artistas locais e expandir a sua representatividade são apontados como principais objetivos. Por Raquel Lucas e Ana Filipa Paz
“Apura o teu Underground” é o mote do Festival Apura, projeto de arte e música independente que vai desenvolver a sua terceira edição nos dias 23, 24 e 25 de setembro no centro de Coimbra. O evento, criado por estudantes da Universidade de Coimbra em 2018, vai contar com mais de 20 artistas independentes, distribuídos por três palcos célebres ao longo da cidade.
De acordo com Bernardo Rocha, um dos organizadores do Festival, este é um projeto que surgiu da “intenção de se criar um movimento cultural e artístico que desse espaço aos artistas ‘underground’, que desenvolvem arte independente e têm pouca exposição”. O jovem acrescenta ainda que “o objetivo é a realização de um levantamento artístico que possa acolher artistas nacionais e, em especial, locais”.
Em 2019 foi formalizada a Associação Cultural – A.C. Apura, “com o objetivo de desenvolver trabalho periódico e colaborar com artistas que têm mais dificuldade em desenvolver-se”, explica o organizador. “Em Coimbra tem faltado essa representatividade e é nisso que o Festival Apura pretende trabalhar”, adiciona. Bernardo Rocha reconhece que “o projeto vem facilitar a comunicação entre artistas e diferentes comunidades” ao criar um espaço acessível e inclusivo.
Aquecer para poder Apurar
Durante o mês de setembro, a anteceder a realização do festival, vão decorrer algumas sessões de ‘warm-up’, centradas na realização de concertos, ‘workshops’, exposições, entre outras atividades. Esta parte do projeto procura, na sua totalidade, o laço com artistas locais. Segundo Maria Cunha, também organizadora do festival, a finalidade destes eventos isolados é “obter alguma expressividade e dar continuidade ao trabalho que o Apura não pôde desenvolver durante a pandemia”.
A entrada no festival é gratuita, com exceção de alguns ‘workshops’ e atividades realizadas no âmbito do ‘warm-up’. A divulgação do projeto está a ser feita através das redes sociais, com o apoio de parcerias, das quais órgãos de comunicação da Associação Académica de Coimbra, e a realização de alguns cartazes digitais. De acordo com Maria Cunha, tal deve-se ao facto da “maioria do público do Festival ser jovem, ter maior acesso às redes sociais e estar mais familiarizado com o digital.
A organizadora adiciona ainda que o festival “não tem nenhum género musical específico e é aberto a toda a comunidade”. Em contrapartida, Bernardo Rocha comenta que “a organização se preocupa em “garantir boas condições tanto para o público como para os artistas, ao proporcionar uma boa experiência e qualidade musical”. Os organizadores revelam que a programação do festival acontece de forma natural e demonstram abertura para expandir o leque de artistas que queiram vir para Coimbra e juntar-se ao evento.
“O próximo passo será estabelecer uma parceria com outras cidades”, conta o jovem. Para Maria Cunha, a meta é “começar a programar eventos regulares no centro urbano de Coimbra e na região periférica”. No futuro, a organização visa “criar instrumentos de mediação em que seja possível fazer documentação de arte contemporânea na cidade, desenvolvida por artistas locais”, admite Bernardo Rocha. Para além disso, é de sua vontade “capacitar espaço para os artistas fazerem o seu trabalho e construir uma agenda cultural que fomente esses projetos de criação”, remata.
Dentro do cartaz, os organizadores destacam as exposições no Liquidâmbar, a feira de discos no Atelier A Fábrica no dia quatro de setembro e uma tertúlia com o luthier Fernando Meireles no dia 14. Alguns dos próximos eventos vão ter a cobertura do Jornal A Cabra, parceiro oficial do Festival Apura.
