Lista conquista quase metade dos votos. Taxa de abstenção continua acima dos 90 por cento. Por Simão Moura
Ocorreram esta quarta-feira, dia 18, as eleições para a Assembleia de Revisão dos Estatutos (ARE). A Lista A – Aproximar os Estatutos, encabeçada por João Santana, saiu vitoriosa com quase metade dos dois mil trezentos e treze votos contabilizados.
Estas eleições decorreram de acordo com o método Sainte-Laguë, segundo o qual cada lista elege um número de representantes em função da percentagem dos votos que arrecadou. Assim, a Lista A – Aproximar os Estatutos contabiliza nove lugares nesta ARE, bem como a Lista C – Construir, Complementar, Clarificar, liderada por Armando Remondes. Segue-se a Lista E – Por Estudantes, Pelos Estatutos, que elegeu três, e, por último, a Lista R – Rever, Defender, Aproximar, que assegurou um lugar entre os vinte e dois efetivos da ARE.
A importância dos Estatutos na vida académica não passou despercebida. Quando questionado sobre o seu lugar na Associação Académica de Coimbra (AAC), Pedro Valério, estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), justificou a sua centralidade ao dizer que são “o documento que rege a Casa”. No entanto, lamenta que “muitas vezes, as pessoas não sabem como funciona o mecanismo de revisão”. Íris Gonçalves, aluna do curso de Jornalismo e Comunicação, partilha o seu ponto de vista, mas destaca que o documento atual “não é explícito”, algo que gostava de ver mudado no futuro.
Outra falha apontada aos Estatutos em vigor foi a forma como estabelecem a sucessão nos núcleos. A presidente do Núcleo de Estudantes de Matemática da AAC (NEMAT/AAC), Inês Silva, adianta que notou este problema ao longo do seu mandato, apesar de não o ter experienciado, e que o comunicou às listas com que contactou ao longo da campanha eleitoral. O presidente do Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrotécnica de Computadores, André Galvão, também foi interpelado por algumas das listas concorrentes, que lhe pediram a sua opinião.
O dirigente aponta aspetos “rígidos” no documento, sobretudo referentes à Queima das Fitas (QF) e aos prazos que estabelece, que gostava de ver estipulados no Regulamento Interno da QF. Fala também do seu apoio para que a função de administrador seja desempenhada por um funcionário da AAC, de forma a que a vertente administrativa da Académica “não dependesse tanto de listas”.
Quanto à campanha e ao ato eleitoral em si, André Galvão elogia o facto de os estudantes poderem votar em qualquer urna, mas acha que o seu posicionamento ainda “tem que ser estudado”. Pedro Valério concorda ao dizer que “pessoas no Polo I não deviam ser privadas de votar nas suas faculdades”. No entanto, o estudante da FDUC dizque o método Sainte-Laguë “ajuda imenso e beneficia as minorias”. Por outro lado, Íris Gonçalves e Inês Silva concordam com a organização do ato eleitoral. A presidente do NEMAT/AAC justifica ao dizer que, deste modo, “não há filas”.
Os estudantes entrevistados respondem em unanimidade quanto às vantagens da presença de quatro listas. Pedro Valério ilustra a sua posição ao dizer que “se há quatro listas, há quatro projetos diferentes”, e partilha a opinião dos demais ao falar da representatividade que isso vai trazer ao produto final. Por sua vez, André Galvão crê que a concorrência “é sempre benéfica”.
A tendência de a taxa de abstenção acima dos 90 por cento voltou a registar-se, com apenas cerca de 9 por cento dos estudantes a participarem no ato eleitoral. Salvo os casos extraordinários delineados nos Estatutos, a próxima ARE vai ser eleita daqui a cinco anos.
