Ciência & Tecnologia

UC participa em primeira base de dados sobre crescimento de árvores tropicais

Fotografia cedida por Cristina Pinto

Estudo revela impacto de temperaturas elevadas na vegetação. Colaboração de cem investigadores contribuiu para desenvolver o projeto. Por Jorge Botana e Mateus Rosário

As temperaturas elevadas e a seca reduzem o crescimento das árvores tropicais e afetam a mitigação do CO2. É esta a conclusão do estudo em que participaram as investigadoras do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC), Cristina Nabais e Ana Carvalho. O estudo, realizado em colaboração com cientistas holandeses, brasileiros e norte-americanos, analisou 14 mil séries de dados sobre o crescimento das árvores em mais de trezentas localidades do trópico.

Os autores salientam que “estações secas, mais quentes e áridas, terão um efeito negativo no crescimento das árvores tropicais”. Segundo Cristina Nabais, coordenadora do laboratório de dendrocronologia do Centro de Ecologia Funcional da UC, esta situação acelera a mortalidade das espécies tropicais e faz com que “fixem menos CO2”, o que afeta a função das vegetações na mitigação das alterações climáticas.

A investigadora destaca que o estudo conseguiu obter “a primeira base de dados global de cronologias tropicais” e explica que “os anéis de crescimento podem dar informações muito importantes” em relação ao estudo das mudanças climatéricas. Cristina Nabais acrescenta que a análise dos anéis é uma fonte de dados históricos ao permitir “fazer uma reconstrução climática além dos dados metereológicos”.

Cristina Nabais explica que a investigação contou com a colaboração de muitos investigadores “na recolha de dados e na publicação de cronologias” ao longo do tempo. A coautora do estudo destaca que depois da interpretação dos dados, o grande passo é a “análise global das cronologias”. Ainda refere que “a relação com as flutuações climáticas são extraídas das curvas de crescimento, do trabalho de análise estatística e do processo de submissão do artigo”.

O Centro Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra

A investigadora do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra explica que o Centro de Ecologia Funcional da UC está a desenvolver “duas linhas de investigação” acerca do tema. A primeira incide sobre a xilogénese, que visa saber como crescem os anéis das árvores e a sua relação com as estações do ano. A segunda área prende-se na recolha de madeiras e edifícios históricos que “têm importantes dados para a climatologia”, explica a investigadora.

O estudo, liderado por investigadores da Universidade de Wageningen (Países Baixos),

Universidade Estadual de Campinas (Brasil) e Universidade do Arizona (EUA), foi possível graças à colaboração de cem autores, que contribuíram para preencher uma importante lacuna de dados de anéis de crescimento. Os dados podem ser consultados de forma gratuita numa base de dados disponibilizada ‘online’.

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