Cidade

Memórias do 25 de abril em Coimbra evocadas em visita guiada

Iris Palma

Projeto foi inaugurado no dia 24 de abril e vai terminar a 1 de maio. Visita guiada incorpora divulgação de factos históricos e testemunhos presenciais. Por Iris Palma

Hoje, dia 25 de abril, teve lugar uma visita guiada pelas ruas de Coimbra, organizada pela Rebobinar – Cooperativa de História Pública em parceria com o Centro de Documentação 25 de abril da Universidade de Coimbra (UC). Este projeto tem como objetivo “trazer de volta a memória do feriado”, de acordo com um dos guias, Eduardo Albuquerque.

A visita teve início na Rua Antero Quental, pelas 10 horas, junto ao edifício que foi a sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), em Coimbra. Pierre Marie, um dos guias, conta que o 25 de abril não foi reconhecido na cidade até ao dia seguinte. Os conimbricenses tiveram de esperar pelos jornais lisboetas transportados pelos comboios.

Durante a semana da Revolução dos Cravos, era “possível ver os carros destruídos pelo público que se suponha pertencerem à PIDE”, declara Pierre Marie. A história da remoção da placa oficial da Direção-Geral de Segurança e dos grafitis que foram adicionados após esta ser removida fez também parte da visita. 

O itinerário incluiu uma passagem pela Praça da República e terminou no Largo da Portagem. No decorrer da visita, os guias encorajaram os membros do público para colocar questões e partilhar memórias do feriado. Uma das participantes contou uma história pessoal acerca da tomada da sede do partido único do Estado Novo. A senhora descreveu que, após convencer o porteiro de que uma manifestação estava a ocorrer, conseguiu obter a chave do edifício.

Os visitantes puderam observar alguns dos vestígios de abril de 1975, um dos períodos altos da campanha para a eleição da Assembleia Constituinte, que ainda são visíveis na cidade. As pinturas nas paredes da Escola Secundária Jaime Cortesão foram feitas durante este período. Junto da calçada, observam-se figuras como cravos, flores e a sigla do Partido Comunista Português. Estas gravuras permanecem como rastos do antigo mural pintado por vários militantes.

Iris Palma

Segundo Eduardo Albuquerque, a visita teve como objetivo mostrar que o “25 de abril teve diferentes reflexos pelo país”. O historiador destacou ainda que a Rebobinar pretendia combater a ideia que algumas pessoas têm de que “Portugal estava melhor no Estado Novo”. Para refutar essa visão, o passeio contou com mostras de fotografias de barracas de madeira. Eduardo Albuquerque explicou que só após a Revolução dos Cravos se testemunhou uma melhoria das condições de alojamento da população.

Foi com o apoio do Centro de Documentação de 25 de Abril da UC que a Rebobinar conseguiu organizar visitas gratuitas e abertas à população, com inscrições prévias obrigatórias limitadas a trinta pessoas. O papel da cooperativa é “a parte da investigação, assim como fazer a divulgação de documentos através de uma aplicação, gerir e fazer a visita”, comenta Pierre Marie. 

Pierre Marie constata que um objetivo que a visita guiada e a cooperativa Rebobinar partilham é o de “demonstrar que a história está em todo lado”. O itinerário tem uma duração de cerca de duas horas e meia e realiza-se ainda no dia 29 de abril, às 16h30, no dia 30, às 15h00 e no dia 1 maio, pelas 10h00.

Iris Palma
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