Ensino Superior

Lista de continuidade apresenta João Caseiro como presidente

Simão Moura

O estudante da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) é o cabeça da Lista V – Académica de Valores. O candidato, vice-presidente da atual DG/AAC, fala em trazer estabilidade para casa e colocar em prática o projeto de Cesário Silva. Por Gabriela Moore

A candidatura conta com algum apoio partidário? 

Não. 

O que motivou a tua candidatura como presidente? 

Depois da decisão do Conselho Fiscal, reunimos todos os membros da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) e esta decidiu que seria eu a encabeçar e que as pessoas se mantinham na lista. Acima de tudo, o que me motivou e que me deu alguma garantia e confiança para eu avançar nesta candidatura enquanto presidente é a confiança da equipa e esta vontade de todos de continuar. O que me move é a confiança e a união da equipa, e também a vontade de garantir estabilidade para a casa. 

Mencionaste que a equipa é a mesma – Não teve alteração nenhuma ou teve pouquíssimas? 

As alterações das equipas foram meramente as necessárias: a passagem de um vice-presidente para presidente, a do chefe de gabinete, que é o Diogo Tomázio, para a vice-presidência, e do nosso primeiro vogal não especializado da lista de novembro, que é o Tomás Vidal, para o cargo de chefe de gabinete. Só temos uma pessoa que vem de fora, entre aspas, para a equipa, que é alguém que na verdade já estava a trabalhar connosco, que é a irmã do Cesário, a Mariana Silva. Ela já estava a exercer funções na imagem há bastante tempo, mas agora será formalmente integrada na equipa.

Como te sentes por, de certa forma, ser o sucessor do Cesário neste projeto? 

É um pouco estranho. O Cesário era o elemento agregador do projeto. Por um lado, sinto-me orgulhoso, pois conhecia o Cesário pessoalmente, passava muitas horas com ele e havia ali uma relação de proximidade muito grande entre nós. Foi ele quem mais me motivou para vir neste projeto candidato à DG/AAC, que era, na altura, um projeto de mudança. Portanto, neste sentido, sinto responsabilidade e orgulho. Sinto tristeza pelo momento em que é. Não era suposto haver eleições em abril. Não era suposto isto ter acontecido. Não era suposto eu ser o presidente agora – se ganhar, claro. Mas sinto muita responsabilidade por dar continuidade ao que ele acabou por conseguir formar. 

Quais os principais pilares da lista? 

Nós vamos manter a mesma filosofia neste período de candidatura. É um processo eleitoral diferente, porque são menos dias de campanha e porque nós já temos um plano de atividades e orçamento aprovados em Assembleia Magna (AM). As pessoas já sabem que vamos cumprir com aquele plano de atividades e de orçamento se formos eleitos, pois fomos nós que o desenhamos. Os pilares acabam por estar refletidos nos planos de atividade e orçamento. 

Agora, vamos continuar com a mesma lógica de “Ouvir, Servir e Intervir”, que era o que nos guiava na última campanha, o que nos guiou durante o mandato até agora, e o que nos guiará daqui para frente, seja no processo eleitoral, seja no mandato, caso ganhemos as eleições.

Mas como o plano de atividade vai ser o mesmo não importa quem for eleito, isto não os diferencia exatamente da outra lista. 

Entendo a questão, mas tenho de discordar. Porque foi um plano de atividades e orçamento construído por esta equipa que agora se apresenta a eleições da DG/AAC, na lista pela qual eu presido. O candidato da outra lista foi uma pessoa que até em AM interveio de modo a se retirar ou propor que se retirasse alguns pontos deste plano de atividades. É uma pessoa que está num projeto que acredito que tenha ideias diferentes das nossas para aquilo que é a AAC e o que deve ser o nosso trabalho. Portanto, as candidaturas são diferentes, em diversos sentidos. E também acredito que, se eles forem eleitos, tendo de cumprir, de grosso modo, com aquilo que é o plano de atividades e de orçamento – porque está aprovado e a próxima DG/AAC está vinculada ao mesmo – acredito que poderá haver diferença depois naquilo que é a prática. Até porque, ao longo do mandato, como nós bem sabemos, acontecem diversas coisas, existem diversos momentos. Caso houvesse aqui uma eleição de ambas e desse para comparar, ia haver diferenças na atuação. Portanto, além disso do plano de atividades e de orçamento vincular a próxima DG/AAC, temos de ter em conta que há muita coisa, a nível procedimental ou operacional que diferencia as listas. 

Quais são as tuas preocupações para o futuro imediato? 

Neste momento, a minha maior preocupação é mesmo a de garantir estabilidade dentro da casa e a proximidade com as estruturas, garantir que elas sabem que estamos aqui para as ouvir. Temos aqui o mês de abril em que estamos a proceder com um conjunto de comemorações, no âmbito do “Abril de Valores”. Temos o mês da saúde, temos também questões administrativas pendentes… Temos também este contacto diário com as secções desportivas, as secções culturais e com os núcleos. Eles precisam do apoio da DG/AAC para diversos procedimentos e nós precisamos garantir que estamos cá para isto. Além disto, enquanto DG/AAC, sempre com a visão dos estudantes, temos de estar dispostos a eventuais reivindicações que podem ser feitas, e estamos aqui para ouvir os estudantes e para os representar.

E a longo prazo? 

A longo prazo, vou ser um pouco repetitivo aqui, mas acima de tudo a estabilidade. Acho que é importante mudar alguns pontos que ainda não conseguimos, porque tivemos apenas quatro meses de mandato e é natural e compreensível que isto ainda não tenha sido alcançado. Nós temos ideias de mudança em termos procedimentais em algumas questões, de tornar menos burocráticos determinados processos. Também conseguir mais apoios e mais ligação à cidade e às diversas entidades da cidade, para poder ajudar as nossas estruturas a desenvolver, e implementar o nosso plano de atividade. E, também, garantir que a AAC seja sustentável a nível financeiro. Queremos fazer este trabalho de deixar a casa limpa neste sentido. 

Existem coisas do projeto que foi apresentado em novembro que são pontos que já notaram que poderiam ser melhorados? 

Nós continuamos com o grosso dos projetos e das ideias, mas agora temos quatro meses de bagagem que nos ajudam a perceber de forma mais contextualizada aquilo que nós tínhamos pensado. Se calhar pensámos em certas atividades de uma forma e agora percebemos que têm de ser feitas um pouco diferente, sem descaracterizar a ideia inicial. Agora que estamos em funções temos noção da dimensão real da AAC, digamos assim, e do papel da Direção-Geral. E temos essa responsabilidade, daí eu falar tanto em estabilidade. Porque, e as secções e os núcleos sabem disto, é importante a estabilidade dentro de uma DG/AAC. Temos as mesmas ideias, já temos alguns conhecimentos do nosso trabalho, dos frutos do nosso trabalho atualmente, e pretendemos usá-lo também para conseguir implementar aquilo que idealizamos.

Sobre as declarações do reitor na entrevista na RUC, muitas pessoas criticaram o comunicado que a DG/AAC publicou, dizendo que foi muito brando. O que tens a dizer sobre isto? 

No comunicado, no âmbito das declarações do reitor, começámos por nos demarcarmos completamente daquilo que foi dito. Expusemos, de modo abrangente, porque queríamos que não fosse muito extenso, o que nós não concordamos. Refutamos diversos pontos, a nível das cantinas, a nível da questão da necessidade de espaços e nas outras questões mais de contactos, que também foram levantadas, e até mesmo da questão do assédio.

O que fizemos foi: sentamos, refletimos, discutimos dentro da DG/AAC, fomos ouvindo alguns colegas, e procurámos desenvolver uma linha racional para confrontar o reitor. Depois, antes de emitirmos a nota, como nós também deixamos lá bem explícito, falamos com o reitor e mostrámos nossas divergências. Foi um comunicado que, entendendo as críticas que podem dizer que foi demasiado brando, também já houve algumas pessoas que disseram que compreendem totalmente e que gostaram da demarcação que foi feita. Nós temos aqui um papel imediato, e tínhamos de o fazer de imediato, de nos posicionarmos. Qualquer outra atuação que nós possamos vir a ter face às declarações do reitor tem de ser algo consensual. E se há algo consensual a ser apurado é na devida instância, e o órgão máximo da AAC é a Assembleia Magna. Enquanto DG/AAC, estamos aqui para representar os estudantes da UC. Portanto, na devida instância, os estudantes poderão dizer aquilo que pensam, tal como têm feito nas redes sociais agora, mas a AM é algo mais vivo, mais presencial, e acima de tudo é isto que importa, é que depois o nosso trabalho reflita a vontade dos estudantes.

Disseram que ligaram ao reitor. O que ele disse? 

Nós falamos com ele sobre as declarações. Foi uma conversa que durou cerca de 20 minutos, mais ou menos, e ele deu os argumentos dele. Basicamente o que fizemos foi: pegamos no conteúdo das declarações – eu próprio já tinha escutado a entrevista, não li apenas o post, eu ouvi – e confrontámos as declarações do reitor em relação aos vários tópicos. Por exemplo, no caso das cantinas, ele falou da questão da monitorização dos números, que já tem sido a justificação para não existir um aumento da oferta do prato social. E nós também fundamentamos o nosso ponto de vista com essencialmente aquilo que tem vindo da AM, que é a visão de que deve haver mais prato social, e que deve ser reposto nas cantinas rosas, de forma mais imediata. E justificamos, de certa forma, porque os números podem também não refletir aquilo que é a real procura, porque neste momento existem já muitos estudantes que não já não vão para fila porque sabem que não vale a pena porque vai demorar demasiado tempo. 

Nota-se que houve ali algumas divergências em termos de pensamento, sendo que o reitor entende as nossas críticas e as críticas que vieram dos estudantes. Também falamos da questão das necessidades de espaços, tanto das secções desportivas como das culturais, e espelhámos esta preocupação. O reitor também nos admitiu que sabe que existem essas necessidades. Justificou-se de certa forma porque a pergunta foi dirigida em específico à secção de fado, no caso, e ele disse que não falou das outras todas e que sabe que é um problema, mas a opinião dele em relação à secção de fado foi aquela que nós todos vimos e ouvimos, que era a que tinha melhores condições. É a opinião dele. Portanto ele reconhece que se calhar não esteve bem nesta declaração em específico, porque não considerou todas as outras secções, e nós mostrámos esta preocupação. Não só das culturais também, mas das desportivas também foi falada a questão dos espaços, e nós enquanto DG/AAC que esteve/está em funções também temos vindo a fazer um trabalho de procurar soluções. A verdade é que a cidade de Coimbra, tanto a nível cultural como nível desportivo, não tem condições, a nível de infraestruturas, suficientes para albergar a nossa oferta. E nós, e agora refiro-me à AAC, somos o principal motor cultural e desportivo da cidade e da região. 

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