‘Aborda.pt’ estreia no próximo 25 de abril. Diretora de projeto afirma que iniciativa “não dá voz a ninguém, só amplifica as vozes das pessoas que não são ouvidas”. Por Sofia Ramos
No próximo dia 25 de abril vai ser lançada a primeira plataforma de jornalismo feminista português. O ‘Aborda.pt’ nasce da mentoria “de Mulher para Mulher” da Rede de Jovens para a Igualdade. O projeto visa apresentar notícias generalistas com uma perspetiva de análise de género.
A diretora, e estudante de jornalismo no Instituto Superior Miguel Torga, Analú Bailosa, relata como sempre se identificou com o movimento feminista mas “nunca tinha imaginado que o jornalismo e o feminismo podiam andar lado a lado”. A jornalista ilustra como surgiu a ideia para um “jornal generalista, não focado só nas questões de género, mas feito cem por cento por mulheres”. Através do projeto e, com a mentoria de Juliana Alcantara, jornalista e doutoranda em Ciências da Comunicação, idealizaram um projeto jornalístico que “aborda as questões de género no próprio conteúdo”.
A equipa é formada por 22 voluntárias, estudantes ou em início de carreira de todas as regiões do país, que se dedicam às áreas de jornalismo, design e programação. Analú Bailosa explica como a diversidade é um fator importante na equipa, para que seja “um espaço lucrativo para todas”, onde possam aprender através da pluralidade de experiências. Enquanto toda a equipa é formada por pessoas que se identificam com a identidade de mulher, a diretora apela ao envolvimento de pessoas que não se identificam dentro da dicotomia de género.
Analú Bailosa lamenta que “assuntos das mulheres sejam apenas assuntos para o dia internacional das mulheres” e negligenciados durante o resto do ano. A diretora destaca como “a mulher e minorias sociais são impactadas de formas diferentes” aos acontecimentos e que, se isso não é exposto de forma explícita, transmite a impressão de um impacto neutro” nestas comunidades.
A jornalista aponta que o objetivo é “ir construindo o hábito de olhar as notícias com as lentes de género”. Acrescenta que pretendem “transformar o jornalismo português para algo mais justo, igualitário e democratico”. Analú Bailosa relembra ainda que o projeto ‘Aborda.pt’ “não dá voz a ninguém, só amplifica as vozes das pessoas que não são ouvidas”.
