Evento inserido na iniciativa “Abril Dança em Coimbra 2022”. Projeto é sexta edição de estudo iniciado em 2016. Por Raquel Lucas
“Dança em Coimbra?! Para uma Timeline a Haver – Genealogias da Dança como Prática Artística em Portugal” é o nome do projeto que se encontra em exibição a partir desta sexta-feira, no Convento São Francisco (CSF). A iniciativa, criada por Ana Bigotte Vieira e João dos Santos Martins, consiste numa exposição cronológica acerca da evolução da dança enquanto arte performativa em Portugal.
A inauguração do evento contou com a presença de José Manuel da Silva, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, e encontra-se interligada ao festival “Abril Dança em Coimbra 2022”. A iniciativa é a sexta edição produzida pelos curadores.
A formação da artista Madalena Perdigão em Coimbra, nos anos 1950, e a influência do bailarino Merce Cunningham para a emergência da ‘performance art’, na década seguinte, são objeto de destaque por entre os recortes de arquivo expostos nas paredes. Também o surgimento da “Nova Dança Portuguesa”, nos anos 1990, e o apogeu da Bienal Universitária de Coimbra são abordados como relevantes para o desenvolvimento da dança na cidade.
O projeto, que surgiu a partir de um convite por parte do CSF, tem entrada gratuita e, nas palavras de João dos Santos Martins, “é aberto a todos, sobretudo a pessoas curiosas”. O objetivo da iniciativa é “criar um lugar de partilha e discussão” que fomente “a importância da arte performativa para a sociedade”, refere o curador.







Quando questionado sobre a desvalorização da dança em Portugal, João dos Santos Martins referiu “o preconceito e o menosprezo” associados à arte e ao seu papel na sociedade. “Os rapazes continuam a ter vergonha de dançar e de se assumirem como bailarinos aos amigos e à família”, afirma. Desta forma, destaca a “necessidade de iniciativa”, por parte do Estado e da população em geral, naquilo que é a expressão artística e no seu impacto coletivo.
João dos Santos Martins comenta ainda a falta de educação artística em Portugal e remete para o distanciamento entre a dança e o seu legado em Coimbra. “Não existe, na cidade, uma tradição local ligada à dança. Houve artistas que fomentaram muito a transmissão da arte, mas não houve um processo de continuidade”, explica. Para o artista, é necessário o reforço entre os vários espaços culturais e um investimento governamental nas artes performativas.
