Cultura

Em abril, Coimbra volta a dançar

Fotografia cedida por Câmara Municipal de Coimbra

Iniciativa preza parceria entre diferentes agentes culturais. Exposição integrada no festival utiliza arquivo da cidade. Por Gabriela Moore e Cristiana Reis

Durante o próximo mês, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e o Convento São Francisco (CSF) acolhem os eventos do “Abril Dança em Coimbra 2022”. O festival é promovido pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC). 

As duas últimas edições ocorreram de forma irregular devido à pandemia. No entanto, este ano, a interação com a comunidade volta a ser central no projeto. O diretor do TAGV, Fernando Matos de Oliveira, referiu, em conferência de imprensa, que “as 12 escolas de dança de Coimbra retomam a colaboração e participação nas atividades”. 

O presidente da CMC, José Manuel Silva, considera que o programa deste ano é “arrojado e ambicioso”. Do lado universitário, o vice-reitor da UC para a Cultura e Ciência Aberta, Delfim Leão, salienta que “a dança em Coimbra tem um grande potencial de crescimento” e que a execução deste projeto “cimenta a relação entre o município e a universidade”. Fernando Matos de Oliveira reforça que o programa planeado é “sólido” e “com uma dimensão internacional e com diversidade de temas, tópicos e inquietações”. 

A componente da formação é também um dos pontos base da iniciativa. O diretor do Departamento de Cultura e Turismo da CMC, Francisco Paz, explica que se pretende fomentar a profissionalização dos dançarinos da cidade e dar uma maior atenção a companhias de dança que tenham uma vertente pedagógica e didática. As parcerias feitas entre todos os agentes culturais também são enfatizadas pelo atual responsável pela programação artística e cultural do CSF. “Com parcerias pode-se acrescentar, mas sem parcerias só se soma. E acrescentar é melhor que somar”, defende. 

José Manuel Silva acredita que “tudo se conjuga para se ter um futuro da dança em Coimbra e para a cidade se afirmar no panorama nacional e internacional”. Francisco Paz reforça a ideia ao adicionar que a cidade não está atrás de Porto ou Lisboa e refere que se pode fazer “igual, tão bem e melhor”. 

Cristiana Reis


A relação com o arquivo da cidade

O programa acolhe a exposição “Dança em Coimbra?! Para uma Timeline a Haver – Genealogias da Dança como Prática Artística em Portugal (ed. VI)”, que vai estar aberta do dia 1 de abril a 26 de junho, no CSF. A iniciativa começou de forma informal, com o objetivo de mapear a história da dança em Portugal. O projeto contínuo de arquivo e memória da dança no país passou por Viseu, Santarém, Lisboa e Porto e tem agora como foco a cidade de Coimbra. Para isto, os curadores da exposição serviram-se de fontes como os arquivos do TAGV e da Torre do Tombo. 

Para adaptar a exposição à cidade dos estudantes, os curadores revelam que partilharam ideias com as várias escolas de dança envolvidas no festival. Neste sentido, a partir dos arquivos consultados, Ana Bigottte Vieira, uma das curadoras, revela que se focaram em alguns momentos da dança na cidade: desde a breve passagem da Merce Cunningham Dance Company, em 1966, até às gerações fundadoras da Nova Dança Portuguesa, dos anos 90. Já João dos Santos Martins, o outro curador, considera que a exposição permite “entender a forma como diferentes temporalidades coexistem e também podem estar em conflito”. Para finalizar, o curador chama ainda à atenção o facto de a exposição “não se remeter apenas à dança, mas também apresentar pontos de contacto com as áreas sociais e políticas”.

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