Cultura

Dia Mundial da Poesia assinalado na Casa da Escrita

Débora Cruz

Poemas musicados vistos como forma de celebrar arte de modo informal. Caráter perdurável das obras artísticas é destacado. Por Débora Cruz

Assinalou-se ontem, dia 21 de março, o Dia Mundial da Poesia. Na Casa da Escrita, a data foi celebrada com a apresentação do livro “Os electrões também devem ter alma”, da cantautora Marília Miranda Lopes. A comemoração contou ainda com um concerto poético do grupo transmontano Destinatus Obdura.

A autora, natural do Porto, sublinha a importância de dinamizar eventos para festejar a data. “É bom que haja manifestações de celebração da poesia”, declara. Marília Miranda Lopes afirma que a literatura é valorizada, porém “acaba sempre por ficar para um plano distante”. A poetisa reconhece que o público tem ainda o preconceito de que as declamações de obras poéticas e a apresentação de livros são “formais e entediantes”.

“Os electrões também devem ter alma” foi apresentado com um texto crítico de Francisco Trofa, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). A obra conta com ilustrações do arquiteto Álvaro Siza Vieira e constitui reflexões sobre o espaço citadino e o seu impacto no sujeito lírico. O professor da FLUP afirmou que a obra promove o pensamento sobre a condição do ser humano e demonstra a “maturidade da autora”.

Débora Cruz

Francisco Trofa salientou o caráter intemporal das obras artísticas ao exemplificar que, até aos dias de hoje, os poemas do rei D. Dinis ou os textos de Almeida Garrett são lidos. Marília Miranda Lopes frisa ainda que são as obras que são importantes e não tanto os artistas. “O que interessa são os poemas, os seres humanos são apenas veículos”, refere. Após a apresentação do livro, a autora declamou alguns poemas e realizou-se um concerto poético da banda Destinatus Obdura.

Para além de poetisa, Marília Miranda Lopes é também a vocalista da banda transmontana que faz interpretações musicais de poemas de autores como Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Luís de Camões. A cantautora considera que os poemas musicados são uma forma de celebrar a poesia de modo informal e animado. “A conjugação de música e poesia apela ao ritmo e musicalidade que um bom poema deve ter”, sustenta.

Os serviços da Biblioteca Municipal de Coimbra também celebraram o Dia Mundial da Poesia com um recital, horas do conto e uma exposição bibliográfica para o público infantil e juvenil.

Débora Cruz
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