Comunidade de fungos afetada pela presença de pequenas partículas de plásticos em pequenos ribeiros. Canais de água doce são principal meio de transporte de nanoplásticos até ao mar. Por Joana Carvalho
Um estudo desenvolvido por uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) determinou que a presença de uma grande concentração de nanoplásticos em ecossistemas de água doce podem ser prejudiciais ao seu desenvolvimento. A investigação contou com a colaboração da Universidade de Aveiro e da Konkuk University, instituição da Coreia do Sul. De acordo com a nota de imprensa, o artigo científico já se encontra publicado no Journal of Hazardous Materials.
Na liderança do estudo encontra-se Seena Sahadevan, investigadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologias da UC. A ideia para o desenvolvimento deste estudo vem da hipótese de que a existência destes nanoplásticos pudesse ter “um impacto na decomposição de folhas” presentes em pequenos ribeiros, que servem de alimento a outros organismos presentes no ecossistema, explica a cientista. Adianta tambémm que este processo é “muito importante” para ambientes de água doce.
O objetivo do estudo foi “avaliar o impacto dos nanoplásticos” numa comunidade de fungos – os hifomicetes aquáticos – que “cumprem um papel importante” na decomposição dessas folhas, refere Seena Sahadevan. Segundo a cientista, os resultados obtidos pela investigação indicam que a presença destes resíduos de plástico “está a afetar a produção de fungos, assim como a composição da sua comunidade”, o que se traduz num “impacto no ecossistema”.
Seena Sahadevan define nanoplásticos como “pedaços muito pequenos de plástico que podem ser libertados de forma direta no ambiente” através, por exemplo, do uso de cosméticos. Podem também ser “fragmentos” de plásticos maiores, realça. Estes nanoplásticos costumam ter um tamanho “menor do que mil nanómetros”, de acordo com a investigadora.
Em nota de imprensa, os autores do estudo referem que a presença destas partículas se verifica sobretudo em “ambientes marinhos”. No entanto, relembram que “milhões de toneladas dos plásticos presentes nos oceanos são transportados através dos rios”.
