Ciência & Tecnologia

Equipa de investigação da UC pretende combater escassez de órgãos para transplante renal

Fotografia cedida por Cristina Pinto

Projeto desenvolvido por investigadores da FMUC e médicos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra tem como objetivo “aumentar a eficácia e precisão da caracterização morfológica dos rins doados“, explica o investigador Luís Rodrigues. Algoritmo vai auxiliar médicos a avaliar as biópsias renais de dadores. Por Jorge Miranda

Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) em parceria com médicos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e a Universidade de Buffalo dos EUA, encontram-se a desenvolver um projeto de investigação onde recorrem à inteligência artificial de forma a combater a escassez de órgãos para transplante renal. Em comunicado de imprensa, refere-se que “50 por cento dos rins provenientes de dadores falecidos são rejeitados para transplante porque os métodos atuais de classificação de biópsias renais, um meio para o médico decidir se o órgão dado pode ser ou não utilizado, são subjetivos e propensos a erros de avaliação”.

Para colmatar esta situação, a equipa de investigadores está a desenvolver um algoritmo que permite auxiliar os médicos especialistas na tarefa de avaliar as biópsias renais de dadores falecidos no momento da colheita, o designado tempo-zero. O investigador principal do projeto, Luís Rodrigues, esclarece que este “é um exame que resulta da observação humana e depende da experiência do especialista que interpreta os resultados”. O também médico no CHUC clarifica ainda que este é um “processo manual, laborioso e subjetivo, suscetível de gerar o desperdício de órgãos que poderiam ser utilizados”.

Em nota de imprensa, Luís Rodrigues salienta também que a “melhor opção terapêutica para tratar doentes com insuficiência renal muito grave, dependentes de hemodiálise, é o transplante”. Refere ainda que “em Portugal a taxa de incidência renal terminal tratada é uma das maiores da Europa e a lista de espera para transplante aumenta todos os anos”, o que diz comprovar a importância dos transplantes para melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Um dos grandes objetivos com a elaboração deste projeto é desenvolver um algoritmo que permita “aumentar a eficácia e precisão da caracterização morfológica dos rins doados e melhorar também a alocação dos órgãos, com correspondência de longevidade entre dador e recetor”, explica Luis Rodrigues.  A equipa envolvida acredita assim que a inteligência artificial pode ser uma aliada no combate ao desperdício de órgãos.

“Os dados obtidos através da análise computacional podem fortalecer significativamente a nossa capacidade de prever os resultados do transplante e otimizar o uso e a alocação de órgãos”, salienta o investigador.  “Quanto mais durarem os órgãos que nós implantamos, menor é a possibilidade de um segundo transplante e a possibilidade de precisarmos de mais um dador”, declara o médico.

Luís Rodrigues calcula que “entre dez e 25 por cento dos órgãos que são rejeitados podem ser aproveitados” caso o desenvolvimento de um meio baseado em inteligência artificial seja bem sucedido. Neste momento, os membros do projeto estão a fazer uma recolha de dados aos doentes renais que fazem parte da iniciativa, com a finalidade de serem aplicados no treino e na aprendizagem do algoritmo, lê-se em nota de imprensa. O projeto está a ter lugar na Unidade de Transplante Renal do CHUC.

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