Cidade

Jovens debatem futuro do país

Íris Palma

Representantes das juventudes partidárias discutem problemáticas e apontam soluções. Propinas e cultura em destaque na conversa. Por Iris Palma e Ana Sofia Pereira

Os mandatários das juventudes dos partidos com assento parlamentar encontraram-se face a face no dia 22 de janeiro, em Coimbra, pelas 18h30, num debate sobre as próximas eleições legislativas. A conversa contou com a presença de todos os representantes das juventudes dos partidos, à exceção do CHEGA, com o intuito de discutirem as diversas ideias e propostas apresentadas. 

O encontro reuniu os três órgãos de comunicação da Associação Académica de Coimbra (AAC): Jornal A CABRA, Rádio Universidade de Coimbra (RUC) e a Televisão da AAC. O debate, organizado em parceria com a Direção-Geral da AAC, foi transmitido online através das redes sociais da tvAAC e na frequência 107.9FM e em ruc.pt. 

O preço do ensino superior

A primeira problemática lançada pelos moderadores foi a questão das posições dos diversos partidos em relação às propinas pagas pelos estudantes do ensino superior. João Ambrósio, representante dos jovens apoiantes da Iniciativa Liberal (IL), considera  a adoção da propina zero “desigual”, uma vez que “quem não precisa acaba também por beneficiar do não pagamento de propinas”. No entanto, acredita que “que se deve passar de uma lógica de propinas para uma de bolsas estudantis financiadas pelo Estado”, apontou. 

Na mesma linha de pensamento, Martim Syder, representante da Juventude Social-Democrática, apela à igualdade de oportunidades dos estudantes através de apoios sociais e considera que “só com o aumento das bolsas é que se atinge esse ponto”. Por outro lado, Rafael Dias, em representação da juventude do Centro Democrático Social – Partido Popular  (CDS-PP), pretende que se caminhe para o estabelecimento da propina zero, porque vê a propina como uma “barreira para o acesso do ensino”. 

Ainda em relação ao tema, Mariana Garrido, em nome da juventude do Bloco de Esquerda (BE), considera “o caminho a percorrer longo”, e entende a propina como “uma prioridade do BE”. Apoia, assim, a facilidade na atribuição de bolsas aos estudantes que concorrem para a sua atribuição. José Dias, mandatário para a juventude do Partido Socialista, é a favor da abolição da propina e relembrou a diminuição do valor da mesma durante o período de governação do seu partido, que pode terminar nas próximas eleições legislativas. 

Também António Pereira, representante dos jovens da Coligação Democrática Unitária (CDU), se pronunciou acerca do tema. Referiu que há a necessidade de “uma reforma no ensino superior” e frisa “a luta contra as propinas” um objetivo do seu partido. 

Emanuel Candeias, presente pelos jovens do partido das Pessoas-Animais-Natureza (PAN), mostrou-se determinado em conseguir “diminuir o mais possível o valor das propinas”. A representar os jovens apoiantes do LIVRE estava Rui Mamede que destacou a proposta de “um fundo financiado pelos cidadãos do nosso país” e adiantou que “as ajudas devem ser de acordo com o contexto do local” em que os cidadãos residam. 

Mais apoios para a cultura 

Outro pilar discutido no debate foi a cultura e as propostas de cada partido, que não se cingem ao aumento do financiamento, como também ao reconhecimento dos profissionais do setor. Contudo, João Ambrósio da IL não quis deixar de lado a importância da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) que representa quase o valor total do setor da cultura. Rafael Dias adiantou que apenas um terço do orçamento do setor é destinado à RTP. Por seu lado, o apoiante do LIVRE considera também que “o ensino artístico devia estar implementado nas escolas como o ensino profissional”. 

Em contraponto, Mariana Garrido defende que a cultura não pode fazer parte de fins económicos, “pois assim não promove uma cultura partilhada”. A representante do BE referiu que “a cultura tem de ser reconhecida não só como parte de uma pessoa como também pelo trabalho que certos indivíduos fazem por ela.” A jovem representante recordou ainda a situação das pessoas que têm de ter dois a três empregos para sobreviver. Como proposta, o BE acredita que é necessário apoiar bibliotecas, fontes de arquivo e editores independentes. 

António Pereira, representante jovem da CDU, apresentou como incentivo à democratização da cultura as “entradas gratuitas em museus nacionais aos sábados e domingos” para promover mais oportunidades para o público português. José Dias, porta-voz do PS, rebate que o “património e os monumentos” são uma parte da cultura portuguesa que deve, não só ser relembrada, como modernizada para a “era digital”. 

Por sua vez, Martim Syder, identifica cultura como “identidade” e por ser o que se faz e o que se identifica para cada um, o PSD quer aplicar um ‘voucher’ de cultura”. Este ‘voucher’ de cultura aplica-se às pessoas que ao atingir 18 anos recebem um cupão para ser aplicado ao cinema e ao teatro, entre outros. 

Com este debate de novas maneiras de as pessoas se envolverem numa comunidade intercultural, Emanuel Candeias relembra que “a cultura é o que vale a pena viver”. Para desenvolver a cultura é preciso “manter e seguir uma carga de compromissos”, explicou o representante do PAN.

Remate final

De forma a equilibrar a participação dos representantes presentes das juventudes partidárias, todos tiveram a oportunidade de falar, durante um minuto, sobre as linhas gerais de cada programa eleitoral, no fim do debate. Desta forma, os cidadãos tiveram a oportunidade de perceber qual o partido que poderá corresponder melhor às suas expectativas para o futuro do concelho. 

António Pereira reforçou que a CDU apresenta uma proposta alternativa com a preocupação de “aumentar os salários”, bem como “o reforço do SNS”. José Dias rematou com uma reflexão acerca dos últimos anos da governação do PS onde abordou o facto de se ter conseguido diminuir o valor das propinas e da alternativa na regulamentação do teletrabalho, em tempos de pandemia. 

Na vez do PAN, Emanuel Candeias salientou “o avanço de causas fundamentais” que o partido defende. Mariana Garrido evidenciou o BE como um partido “que merece muito mais em Coimbra”. Reforçou também a valorização de causas como “a comunidade LGBTQI+ viver em liberdade” e o facto de as mulheres terem os seus direitos e, portanto, ecoar a implementação do lema “mulheres sem assédio”. 

Em nome do CDS-PP, Rafael Dias reforçou a ideia de ser “o único voto à direita que não quer entendimentos com o PS”, além de mencionar que o partido vai contra à regionalização. Martim Syder assinalou que o PSD se rege por um “desenvolvimento sustentável”, e pediu, por isso, “um voto de confiança”. 

Por parte da IL, João Ambrósio considera as propostas do partido que defende como “diferentes e divergentes”, e reforça a ideia de “liberdade de escolha na saúde”. Por fim, Rui Mamede, elencou uma das propostas do LIVRE, que consiste em “implementar o rendimento básico incondicional”. Além disso, preza também por uma “distribuição mais justa da riqueza na sociedade”. 

A votação antecipada está marcada para o dia 23 de janeiro e o dia de eleições para 30 de janeiro. O próximo debate decorre no dia 26 com a presença dos cabeças de lista por Coimbra dos partidos com assento parlamentar. O círculo eleitoral de Coimbra elege nove deputados.

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