Estudo coordenado por professor da FMUC apresenta tratamento alternativo para combater perturbações psicológicas. Testagem domiciliar do dispositivo já foi aprovada. Por Fábio Torres
Um consórcio europeu, no qual a Universidade de Coimbra (UC) está inserida, desenvolveu um tratamento inovador para jovens que sofrem de perturbações psicológicas, tais como a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) ou a Perturbação do Espectro do Autismo (PEA). O primeiro ensaio clínico desta nova abordagem em Portugal vai ser realizado em Coimbra.
O projeto, denominado STIPED, envolve a colaboração de médicos, psicólogos, matemáticos, engenheiros e especialistas da área de neura pediatria. Segundo Miguel Castelo-Branco, coordenador da equipa portuguesa e docente na Faculdade de Medicina da UC, este novo método foi concebido “devido aos tratamentos atuais não terem, até agora, demonstrado eficácia suficiente”. No caso do autismo, Miguel Castelo-Branco considera que “as opções terapêuticas tradicionais, baseadas em medicação, são meramente sintomáticas e com efeitos secundários severos”.
Segundo a nota de imprensa, a equipa tenciona “usar um dispositivo biomédico – uma espécie de touca – que fornece ao cérebro, de forma não invasiva, uma corrente direta de baixa amplitude em regiões que possam estar comprometidas com alguma das perturbações”. Desta forma “consegue-se controlar todo o processo e garantir a segurança, as configurações de estimulação e a monitorização contínua dos sintomas clínicos”, sublinha o consórcio em nota de imprensa.
Ao projeto foi atribuído um financiamento global pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia, o que permitiu iniciar a investigação em ambientes clínicos e académicos. Em Portugal, a equipa coordenada por Miguel Castelo-Branco realizou vários estudos e ensaios, tanto em laboratório como em ambiente hospitalar, através do contributo de crianças e adolescentes saudáveis e com PHDA e PEA. Neste momento, entidades reguladoras em vários países europeus aprovaram a testagem do dispositivo em ambiente domiciliar.
A equipa da UC pretende, ainda, desenvolver novos ensaios após a conclusão deste primeiro teste clínico. Assim, através do link https://voluntarios.cibit.uc.pt/stiped/ qualquer pessoa que esteja interessada em contribuir para o projeto STIPED pode inscrever-se.
