Cultura

“Casa Transparente” vence primeira edição do Prémio Literário Manuel Alegre

Por Julia Floriano

Evento contou com presença de Manuel Alegre. Obra com “caráter autobiográfico” distinguida com dois mil euros. Por Tomás Barros e Marília Lemos

Foi ao som da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC) que teve início, esta sexta-feira, a cerimónia de entrega do Prémio Literário Manuel Alegre no Teatro Paulo Quintela, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). A obra vencedora, “Casa Transparente”, de Ana Rita Rodrigues, arrecadou o prémio de dois mil euros. O evento contou com a presença da personalidade que dá nome ao concurso, Manuel Alegre, mas também com parte do júri que avaliou as obras submetidas.

Ana Rita Rodrigues relata que soube do concurso na altura em que estava a terminar a “Casa Transparente” e, com a motivação de uma amiga, decidiu participar, “em vez de deixar o texto na gaveta”. Embora todo o seu percurso académico tenha sido ligado ao Jornalismo, a vencedora vinca que “o mecanicismo jornalístico se distingue da liberdade de escrever um conto” e este prémio mostrou que “é possível fazer ambas as coisas de forma coexistente”, acrescenta.

O conto, como confessa a autora, “tem um caráter autobiográfico, e é construído em torno da temática do Alzheimer, do medo de esquecer e da necessidade de registar os momentos”. Para Ana Rita Rodrigues, a escrita “acaba por ser um tubo de escape” no qual o exercício de escrever “suplanta a preocupação associada ao resultado final”.

De acordo com Manuel Alegre, o concurso que o homenageia “é uma honra que vai além do pessoal”, pois trata-se de uma “referência a toda a geração que marcou Coimbra do ponto de vista cultural, cívico e político”. O poeta relata que o regresso a Coimbra é “sempre acompanhado de muita emoção e da lembrança de rostos que não estão mais presentes”. No que toca à FLUC, relembra ter sido o primeiro a pisar o palco do Teatro Paulo Quintela para a primeira peça do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra e as suas fugas da Faculdade de Direito, onde era estudante, para “recitar poemas e namorar no bar das Letras”.

O presidente da Direção-Geral da AAC (DG/AAC), João Assunção, enaltece a qualidade das cerca de 200 obras inéditas que foram submetidas. No entender do dirigente associativo, a adesão “foi tanta que é quase uma obrigação para a próxima direção manter este projeto vivo”.

João Assunção concluiu a sua intervenção ao anunciar a vontade da DG/AAC de propor a aclamação de Manuel Alegre como associado honorário da academia. O dirigente associativo indicou que esta proposta vai ser levada até à Assembleia Magna e justifica esta decisão tendo em conta “os contributos do poeta enquanto estudante na AAC e o valor que imprimiu à cultura da Académica e de Portugal”.

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