Desporto

[II Liga] Académica vs Benfica B – os estudantes, um a um

Julia Floriano

Cada dinastia tem os seus reis e cada rei tem o seu cognome. Foi assim que Paulo Sérgio Santos quis prestar a sua homenagem ao clube que acompanha há vários anos através do “Um a Um”. A época pode ter “terminado” para a Académica, mas o descanso ainda não é garantido pois sabe que daqui a alguns dias está de novo no relvado e que, matematicamente falando, ainda pode acontecer muita coisa.

Mika – 6

O Muro. Dono de um currículo invejável para uma II Liga, similar apenas ao de Zé Castro, foi um dos crucificados pelo erro no jogo com o Arouca. Mas em abono da verdade, se o clube chegou onde chegou, muito se deveu a Michael Simões Domingues. Para renovar

Fabiano – 5

Possuidor de atributos excelentes para a profissão, mas ao mesmo tempo de outros dispensáveis. E esta época, a exemplo de hoje, foi uma espécie de Jano da Académica, o deus romano das mudanças e das transições. Foram duas, também, as faces que fomos vendo de Fabiano – a de um dos melhores laterais direitos dos últimos anos e a de um iniciado a jogar entre os seniores. Foi o melhor dos emprestados, mas emprestados nunca são solução, nem a safra era de qualidade indiscutível. Para sair

Rafael Vieira – 6

O Espanhol. Depois de percebermos as semelhanças com Casillas, que, quiçá, possam ter sido responsáveis pela separação de Iker e Sara, entendemos melhor o central que veio do Algarve. O tempo por cá é pior, não há praia e talvez de forma paradigmática o melhor companheiro de setor tenha sido um lateral esquerdo. Para continuar?

Zé Castro – 6

O Mal-Amado. E assumimos que é por nós, mas não conseguimos ter grande paciência para sucessões de passes longos transviados, mesmo que não fizéssemos melhor que também os falhar. São 38 anos, uma época de lesões e um amor à Briosa que está longe de ser colocado em causa. E a estrutura precisa seriamente de pessoas assim.

Julia Floriano

Bruno Teles – 7

O Afortunado. Leva o título de melhor contratação da época, ainda que trintão, ainda que numa já longa saga de trintões falhados na lateral esquerda. E foi nisso que Bruno Teles mostrou ao que veio – não em busca de uma reforma (longe de ser) dourada, mas de mostrar a qualidade que marcou a sua longa carreira. Para continuar!

Diogo Pereira – 5

O Suplente. Ex Anadia, num esforço de ‘scouting’ por nós apreciado e que deveria ser exemplo a seguir nos próximos anos (ou para sempre), acabou por não vingar. Por vezes é assim, a adaptação a um nível superior não resulta e há que dar um passo atrás, sob pena de ser pior. O exemplo de hoje, em que foi uma auto estrada para o meio campo benfiquista, é a imagem de uma época em que apareceu apenas a substituir Ricardo Dias ou Guima. Para emprestar.

Guima – 5

O Erasmus. Como tantos outros, andou pela Polónia e regressou. Regressou com uns movimentos novos, umas danças sobre a bola, coisas um pouco inconsequentes que terá aprendido também com Sanca. E foram o espelho de uma época que se esperava melhor. Para ficar?

Mimito Biai – 6

O D. Sebastião. Por onde andou este Mimito? Imaginemos, por instantes, um meio campo com o melhor Ricardo Dias, o Mimito de hoje e o Chaby da época passada. Que luxo, meus caros, que luxo. Até para uma I Liga! Mas tivemos um Fabinho durante grande parte da época… Para continuar (assim)!

Mayambela – 6

O Camaleão. Todos fizemos coisas estranhas no confinamento, uns mais do que outros, certamente. E aquele cabelo louro fica nos anais desta época. Fora isso, o sul africano que passou por Israel e aterrou no Algarve chegou tarde. Se tivesse chegado em setembro, teria relegado Sanca para quarta opção, Thior não teria vindo e não teríamos ido buscar um brasileiro à quarta divisão italiana (ou se calhar teríamos, pela razão que tenha sido, tudo menos relacionada com o futebol jogado). Hoje podia e devia ter rematado melhor aos 50 e tal minutos. Para continuar.

Traquina – 6

O Capitão. O digno sucessor de Marinho e Fernando Alexandre. O pêndulo, a força, o tipo das traquinices, como aquele golo no Estoril. E também o cansaço, a insatisfação, por vezes a falta de velocidade. Aquela perdida escandalosa aos 43 minutos tirou anos de vida a muito adepto no sofá. Para continuar.

Bouldini – 6

O Salvador. Uma espécie de Djoussé 2.0 em tudo. Possivelmente não fica, mas que pelo menos encha os cofres para irmos buscar mais malta. Ouvimos dizer que há um brasileiro interessante na 3ª divisão do Liechtenstein e outro na 8ª divisão da Suazilândia – são certamente baratinhos. 

Silvério – 3

Nope. Recusamo-nos a elencar e enumerar a quantidade de vezes em que nos fez exibir o mais vincado vernáculo. Se calhar mais até que o Zé Castro. E, por favor, não se querem mais Yuris, daqueles que são eternas promessas. Se é porque tem corpanzil e sabe espetar uns troços, há por aí muito segurança de discoteca no desemprego. Para emprestar?

Sanca – 1

O Desesperançoso. Depois da vontade demonstrada hoje, se ainda não vai a caminho de Braga… Nós próprios o levavamos, mas alguém tinha que se chegar à frente com o dinheiro do combustível. E já sabemos quem não era.

Chaby – 0

O Irreconhecível. Tivemos grandes sonhos e alguns vislumbres do que poderia ter sido uma época com Chaby. Uma época menos defensiva, com mais frisson, o sonho do academista trancado em casa e ansioso por algo que o fizesse saltar no sofá. Pode ser para o ano?

p.s. – gostamos do cão do Chaby.

Dani – 0

O Finalizador. Não pelos golos que marcou, mas pela forma como finalizou tantas e tantas partidas, entrando nos minutos finais. Cada vez com menos acutilância e com mais vontade de se lançar contra os centrais contrários, naquilo que se designa no meio futebolístico como a jogada “Diogo Ribeiro”. Para emprestar?

Rui Borges / Fernando Alexandre – 5

Os Jokers. A dupla personalidade. A calça e o casaco de malha leve e o fato de treino. E sempre, sempre, mesmo quando não era necessária, a postura defensiva. Dirão os entendidos que os jogos ganham-se assim, que a melhor defesa é mesmo a defesa. Não temos nem factos nem argumentos que suportem tal tese, mas foi o que se teve durante uma época inteira, mesmo quando se via que a oposição era, na melhor das hipóteses, ténue. E agora agarramo-nos à calculadora, esperando ganhar quarta o que já não ganhámos da primeira vez, e que alguém escorregue no próximo fim de semana.

Ultras Covid 0

As Azémolas. Indubitavelmente as piores imagens da época, de uma série de adeptos enfiados num studio em plena pandemia, num Estado de Emergência que o proibia. O futebol é um desporto de massas incontroláveis no momento que agora vivemos, como se viu nos festejos do campeão nacional, e ninguém parece consciencializar-se que há que fazer melhor, ser melhor. Assim, contudo, a inteligência permitisse. 

Um a Um

Começámos há quase cinco anos, quando a Académica desceu à II Liga. Foi numa noite de Julho, pré época, pós glória nacional no Euro 2016 que a ideia surgiu, à mesa no Tropical, motivada pelo que Rogério Casanova fez sobre a seleção nacional para o Observador. O Expresso viria a fazer (e ainda mantém) para os chamados três grandes e nós para a Académica. São já muitas crónicas, uma forma de homenagearmos um dos clubes da nossa cidade, mesmo que de forma por vezes cáustica. E este é, pelo menos, o adeus a esta época, esperando que a próxima comece na Primeira.

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