Projeto apresenta solução para a proliferação de micróbios em superfícies. Produto representa uma “mais-valia” no controlo de infeções hospitalares. Por Luísa Tibana
Cientistas da Universidade de Coimbra (UC), em colaboração com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), criaram um verniz com a capacidade de matar micróbios em cerca de quinze minutos. Os investigadores da UC pertencem ao Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos, que, nesta investigação, agregou dois grupos. A equipa de polimerização do Departamento de Engenharia Química foi liderada pelo professor Jorge Coelho, e a de microbiologia do Departamento de Ciências da Vida pela professora Paula Morais.
A criação do verniz foi realizada no âmbito do projeto “SafeSurf”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. De acordo com Paula Morais, a iniciativa teve por objetivo “construir polímeros com atividade antimicrobiana e ativá-los através da introdução de fotossensibilizadores”. Durante o projeto, que foi realizado num período de três anos e meio, foram desenvolvidos vários polímeros e “o melhor foi escolhido para ser introduzido no verniz”, revela. A equipa da UTAD, produziu um sistema de ‘LEDs’ para testar de forma rápida a eficiência da luz no processo. Já os investigadores da FEUP colaboram, em especial, na introdução dos polímeros e do fotossensibilizador no verniz, para a obtenção da mistura ativa.
Segundo Paula Morais, com a pandemia de COVID-19, mais pessoas passaram a ter conhecimento de que “superfícies suportam crescimento microbiano e há microrganismos que resistem por um tempo nas mesmas”. A investigadora declara que o produto representa uma “mais-valia” no combate e prevenção de infeções hospitalares. “Sabe-se que o espaço hospitalar sustenta a presença de bactérias de diversos grupos”, expõe Paula Morais. Apesar de que há uma série de superfícies nos hospitais que não podem ser cobertas pelo verniz, há outras que podem ser revestidas pelo produto. O verniz, “por ser transparente, pode ser colocado sobre outros materiais sem que eles percam o aspeto original”.
A investigadora destaca que “a equipa conseguiu introduzir os polímeros produzidos e os fotossensibilizadores numa mistura ativa, num verniz que já existe no mercado”. O produto final já é considerado eficaz e seguro, mas ainda é necessária uma avaliação económica do projeto. “A transferência para a indústria depende também do próprio tecido industrial e da capacidade de inovação de processos”, completa.
