Transparência é bandeira comum a todos os candidatos. Projetos consideram importante um maior envolvimento estudantil nos processos democráticos. Por Joana Carvalho
O Campo de Santa Cruz acolheu esta quarta-feira os debates entre os candidatos para as eleições do Conselho-Fiscal da Associação Académica de Coimbra (CF/AAC) e da Comissão Disciplinar da AAC (CD/AAC). O frente-a-frente ficou marcado pela ausência de dois candidatos pelo segundo contingente, Marta Cunha, candidata da Lista C à CD/AAC e Francisco Rovira, candidato da lista R ao CF/AAC. Os debates contaram com a moderação de membros dos três órgãos de comunicação social da AAC.
CD/AAC: um órgão em desenvolvimento
O conjunto de debates foi aberto pela intervenção dos candidatos à CD/AAC presentes. Pela primeira vez desde a sua criação em 2017, todos os associados, tanto efetivos como seccionistas, vão poder votar para este organismo. César Sousa, candidato da Lista A com o lema “Acima de tudo Académica” foi o primeiro e único interveniente do segundo contingente. O candidato considera que, mais do que “uma ação persecutória, a CD/AAC deve agir de forma a responder aos interesses da casa, de modo a cumprir o seu papel”.
César Sousa lamenta ainda a dificuldade de acesso ao organismo por parte dos estudantes e afirma que é um trabalho que “cabe à CD/AAC fazer”. Também fez um balanço geral daquela que tem sido a atuação do organismo até à data, e evidenciou a falta de conclusão de processos iniciados pela CD/AAC. O candidato reitera ainda a importância de “se levar os casos até ao fim em busca da verdade” para se tomar as medidas necessárias.
Primeiro Contingente para a CD/AAC: transparência e proximidade
Pelo primeiro contingente, existiu um consenso geral na necessidade de transparência por parte do organismo. Estiveram presentes no debate os representantes das três listas concorrentes à CD/AAC. As declarações iniciais foram de Inês Santos, cabeça da lista I, com o mote “Investir na Académica”. A candidata começou por condenar a vandalização do material de campanha, de acordo com a mesma esses atos “vão contra tudo o que é defendido pelo projeto e pela democracia da Académica”.
A candidata refere a independência e a integridade como basilares para a sua candidatura. A cabeça de lista aponta também para o facto de tanto o órgão e as suas funções, como as restantes estruturas da AAC, serem pouco conhecidas. Neste sentido, Inês Santos considera também necessário “um maior envolvimento dos estudantes no órgão”.
Por sua vez, Vítor Parada, candidato pela Lista M, com o mote “Consciencialização sobre o trabalho da Comissão Disciplinar”, entende que é importante esta estrutura ser não só transparente na investigação de todos os processos, mas também ser um órgão “ativo e eficaz”. O candidato condenou também o incidente com o material de campanha da Lista I e reforça que “o que se pretende é a democracia e o bem da casa”.
Vítor Parada considera que, devido a este ser um órgão recente, é necessária uma maior aproximação aos estudantes. Considera ainda que a comunicação é fundamental para o bom desempenho da CD/AAC. O estudante sublinha também a necessidade de se averiguar e agir, nos momentos necessários, de forma independente.
De igual modo, João Pinto Ângelo, candidato pela Lista T, sob o lema “Transparência e Integridade”, frisou a importância de os estudantes poderem, este ano, eleger os integrantes da CD/AAC. O candidato alerta para o facto de “a democracia por si só não bastar” e refere que esta tem de estar aliada à transparência.
João Pinto Ângelo considera importante que a CD/AAC tenha um papel mais ativo, através do contacto direto com as secções e os estudantes. Relembra também que é necessário não deixar queixas por averiguar, de modo à estrutura poder “fazer o seu papel previsto nos estatutos da AAC”. O cabeça de lista entende que, neste sentido, para o órgão adquirir credibilidade, “é imperativo quebrar o círculo vicioso” e dar início aos devidos processos.
Independência do CF/AAC
No que diz respeito aos candidatos pelo segundo contingente ao CF/AAC, Liliana Pinho, candidata pela lista V com o lema “Valorizar as Secções”, foi a única a estar presente. A união entre os núcleos e as secções foi um dos pontos referidos de forma a garantir “o melhor para a casa”, comenta.
A candidata afirma que a “independência do CF/AAC tem sido cada vez menor”. De acordo com a mesma isso “prejudica a casa”, tendo em conta que o órgão deve zelar pelos estatutos. Liliana Pinho considera também que uma política mais preventiva beneficiaria todos os órgãos da AAC. Alerta também para a fadiga causada pelas várias eleições que têm decorrido, o que pode comprometer o envolvimento no associativismo.
Liliana Pinho afirma que, apesar das diferenças entre o primeiro e o segundo contingente, é necessário “trabalhar em conjunto”. Desta forma, a candidata acredita ser necessária uma maior conexão com as secções. Reitera ainda que os candidatos pelo segundo contingente têm conhecimento sobre o funcionamento das secções o que garante “uma experiência que quem vem pelo primeiro contingente não conhece”.
CF/AAC: defesa dos estatutos e sobreposição de competências
O primeiro contingente para o CF/AAC este ano conta com três projetos diferentes. No decorrer do debate, foram feitas várias análises aos acontecimentos que têm marcado o atual mandato. Uma das situações trazidas para a discussão foi a acusação por parte de César Sousa à CD/AAC, de o CF/AAC, presidido por Dora Santo, ter violado os estatutos ao diminuir o quórum da Assembleia Magna (AM).
Duarte Dias que encabeça a lista D, sob o mote “Defender os Estatutos”, foi o primeiro a intervir. Devolver ao CF/AAC o seu “carácter democrático e transparente” é uma das principais bandeiras da lista D, de acordo com o candidato.
O cabeça de lista deixou fortes críticas ao mandato ainda em funções, sobretudo no que diz respeito à divulgação do despacho que decretou a redução de lugares possíveis na AM. O estudante considera que o “CF/AAC tem de prestar contas e certificar-se que os despachos são divulgados noutros moldes”. Duarte Dias considera que a proximidade do CF/AAC com a comunidade estudantil tem sido inexistente e que a Lista D foi criada com o objetivo de colmatar esta falta.
O candidato também se compromete a “cumprir e fazer cumprir os estatutos”, e reitera que estes, enquanto “garante democrático da academia” não podem ser esquecidos. Também aponta para o conflito de competências verificado pela ação de vários núcleos que por vezes se sobrepõem às secções.
Em seguida, Beatriz Ribeiro, representante da lista P, com o lema “Por uma Académica de Transparência”, promete “dar um novo rumo à AAC”. A candidata salienta a proximidade com os estudantes como uma das suas bandeiras. A estudante aponta para a natureza dos estatutos enquanto objeto “sempre em construção”. Ressalva ainda que é necessário defender tanto os estatutos, como os estudantes.
A união entre as várias estruturas da casa também foi referida pela cabeça de lista. Beatriz Ribeiro refere que é importante o CF/AAC “formar e ensinar antes de querer chamar a atenção”. A candidata afirma que o seu projeto tem em vista “uma Académica acima de tudo” e compromete-se a zelar por uma maior transparência e uma maior proximidade dos estudantes.
A cabeça de lista refere ainda que a AAC é uma casa plural “com diversas estruturas”, o que pode causar situações de sobreposição de competências entre núcleos e secções. Nesses casos, Beatriz Ribeiro considera importante averiguar o que aconteceu e, antes de tirar conclusões, fazer uma formação para promover “uma unificação daquilo que é a casa”.
Já Laurindo Frias, candidato pela Lista S, sob o lema “Servir a Académica”, congratula a pluralidade de candidaturas, que na sua visão, “é sempre bom para o debate de ideias”. O candidato reforça que o papel do CF/AAC é o cumprimento das regras e estatutos. A Lista S, de acordo com Laurindo Frias, compromete-se a criar um CF/AAC “próximo dos estudantes”.
De acordo com Laurindo Frias, é importante “entender o porquê dos problemas, resolvê-los se possível e, caso esteja em causa uma atitude premeditada, atribuir responsabilidades”. Laurindo Frias relembra ainda que o CF/AAC é eleito para interpretar os estatutos. Neste sentido, reforça também que, enquanto órgão eleito, o CF/AAC “tem legitimidade de tomar as suas decisões”.
O candidato considera necessário analisar o processo burocrático, de modo a “ter-se noção do que pode ser melhorado”. O cabeça de lista aponta ainda para a possibilidade de formar os dirigentes associativos sobre as burocracias referentes às várias estruturas da casa. Laurindo reitera que “o CF/AAC é suposto facilitar e não ser uma pedra na engrenagem da AAC”.
O ato eleitoral para a CD/AAC e para o CF/AAC vão decorrer hoje, quinta-feira dia 27 de maio, das 10 às 19 horas. As urnas vão estar localizadas em cada faculdade da Universidade de Coimbra e na AAC.
