Ciência & Tecnologia

Estudante da FCTUC recebe prémio Francisco Tavares Rosa

Margarida Mota

Estudo debruça-se sobre a utilização de ‘Brain Imaging’ por livros de autoajuda. Investigadora defende que este subgénero literário atrasa procura de tratamentos médicos. Por Ana Haeitmann e Marília Lemos

Nesta sexta-feira, Bruna Coelho, mestranda na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), recebeu o Prémio Francisco Tavares Rosa, atribuído ao seu trabalho de investigação antropológica. A pesquisa, de nome “Uma imagem vale mais do que mil palavras: Utilização de Brain Imaging em Livros de Autoajuda”, explora o papel de retratos cerebrais, ´Brain Images’, para a atribuição de autoridade aos discursos presentes nos livros de autoajuda . O evento da premiação foi realizado pela plataforma virtual Zoom, às 18 horas. 

Para o trabalho, a estudante focou-se numa subsecção da literatura de autoajuda que explora as funcionalidades do cérebro humano e como se pode melhorá-lo e manipulá-lo. De acordo com Bruna Coelho, esta subsecção que utiliza ‘Brain Imaging’ teve um grande crescimento “uma vez que muitos autores começaram a auxiliar-se destes retratos cerebrais para substanciar os seus argumentos”. 

Segundo a investigadora, o interesse pela pesquisa começou pela sua procura pessoal por curas alternativas para a depressão e a ansiedade. Explica que, ao encontrar os livros de autoajuda, começou a “pesquisar a um nível antropológico”. De acordo com a mestranda em Antropologia, a pesquisa “mostra a sua relevância porque a procura de ajuda psiquiátrica é um grande estigma em Portugal”. Completa que “admitir ter um problema de saúde mental pode fazer com que a pessoa seja vista como socialmente defeituosa ”.

Segundo Bruna Coelho, este estigma “pode levar a uma maior procura de livros de autoajuda”. Estes, por sua vez, identificados como “literatura light”, “podem atrasar a procura real de ajuda e o tratamento dos problemas de saúde mental”. 

O evento contou com a apresentação do trabalho vencedor e homenagens a Francisco Tavares Rosa por parte de sua família e professores do Departamento de Antropologia da Escola de Ciências Sociais e Humanas. De acordo com Rosa Maria Perez, professora do Instituto Universitário de Lisboa, “o prémio é uma maneira de manter viva a memória do estudante, além de contribuir para a área de pesquisa da saúde mental”. Esta foi a primeira edição do evento, que pretende premiar anualmente trabalhos na área de Antropologia e saúde mental. 
Sobre receber o prémio, a estudante considera que “é uma imensa validação do trabalho realizado”. Após a conclusão desta pesquisa, Bruna Coelho começou a investigar também na FCTUC, um projeto chamado “Public Toilets in the Feminine: Portuguese Female Users’ Perspectives on Public Toilets and the International Movement Calling for Adoption of Gender Norms”.

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