Projeto inovador traz soluções para ingestão alimentar compulsiva. “Obesidade é um problema médico, mas também psicológico”, destaca coordenador da equipa. Por Inês Leite e Inês Rua
A “eBEfree” é uma aplicação móvel, criada por investigadores do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Universidade de Coimbra (UC), que visa ajudar no combate à obesidade e excesso de peso. A equipa de investigação é liderada por José Pinto Gouveia, investigador e professor catedrático da UC.
Este projeto surge no contexto de pandemia e sucede o “BEfree”, um programa direcionado principalmente a mulheres com comportamentos de ingestão compulsiva. A primeira iniciativa terminou há três anos e consistiu num conjunto de atividades de integração e conteúdos educativos, agora adaptados para o meio digital.
O plano consiste em 12 módulos, disponibilizados um por semana, que atuam sobre a regulação emocional através de exercícios comportamentais e sobre o estigma associado à obesidade. “As pessoas deixam de realizar certas atividades, deixam de vestir certas roupas”, esclarece José Pinto Gouveia.
A ingestão alimentar compulsiva é hoje considerada uma perturbação de comportamento alimentar em categoria independente, tal como a anorexia e a bulimia. Embora se considere multifactorial, uma das causas associadas é o “comer emocional”, ou seja, o recurso à comida e à sua ingestão descontrolada como forma de regular as emoções.
Para o tratamento cirúrgico da obesidade, é necessário ter em conta este problema habitualmente referido como ‘binge eating’. A ausência de alternativas e tratamentos para este problema de saúde motivou o desenvolvimento da aplicação, de modo a atingir o maior número de pessoas possível. “É neste sentido que esta app traz algo de novo”, salienta o investigador face à ineficácia de tratamentos de perda de peso que não abordam a componente psicológica.
Em colaboração com a empresa informática One Source, a aplicação demorou um ano e meio para ser desenvolvida e encontra-se, neste momento, em fase de teste e validação de eficácia. Após a obtenção dos resultados, a “eBEfree” pretende ser uma ferramenta de auxílio para hospitais e centros de saúde.
