Ciência & Tecnologia

NEA/AAC incentiva igualdade de género na Ciência

8 de março celebrado através de relatos de mulheres portuguesas cientistas. Antropólogas entrevistadas pelo Núcleo falam sobre desigualdade no meio académicoPor Ana Haeitman e Jéssica Terceiro

O Núcleo de Estudantes de Antropologia da Associação Académica de Coimbra (NEA/AAC) promove o projeto “Antropologia no feminino” para incentivar a igualdade de género na Ciência. A presidente do NEA/AAC, Patrícia Vaz, explica que a iniciativa tem como objetivo demonstrar que o papel da mulher como força de trabalho na área da Ciência, na vertente da antropologia, ainda é algo a alcançar. Além disso, o evento quer dar a conhecer “que existe um longo caminho a percorrer no que toca à influência que as mulheres têm no mundo profissional”. O projeto teve início no Dia Internacional da Mulher e acaba este sábado, através das redes sociais Facebook e Instagram.

Com o plano estudado em contexto normal, o NEA/AAC foi obrigado a adaptar-se ao regime pandémico e a realizar, por acesso remoto, entrevistas a diversas antropólogas. Patrícia Vaz esclarece que a ideia é “as cientistas informarem como é ser mulher na área da Antropologia e das Ciências, além de mostrarem as dificuldades que atravessaram ao longo do seu percurso”. A estudante aconselha as mulheres que queiram seguir a carreira na área científica a não desistirem. “O caminho não é fácil, mas quando somos fiéis aos nossos princípios, torna-se mais leve”.

Do dia 8 até ao dia 12, o NEA/AAC divulgou, no Facebook e Instagram, entrevistas com quatro mulheres cientistas. Eugénia Cunha, professora catedrática em antropologia forense, falou sobre as mudanças na área desde que iniciou a sua carreira, há 37 anos. Comentou também sobre as dificuldades que experienciou na antropologia por ser mulher. Maria Teresa Ferreira, professora e antropóloga forense, revelou que, há 20 anos, tinha problemas em ser respeitada no campo em que trabalha. A antropóloga admite que ser mulher e jovem influencia muito no tratamento recebido pelos colegas. 

Andrea Gaspar, professora de Antropologia, falou sobre o acumular de funções e penalizações sociais que a mulher sofre ao ser mãe e ter uma carga horária pesada. Cláudia Umbelino, professora e paleontóloga, ressaltou a falta de representatividade feminina nos cargos académicos, principalmente na área científica. 

Segundo Patrícia Vaz, a falta de igualdade é a principal razão pela qual as mulheres são afastadas de diversas áreas, não só na Ciência. Porém, acredita que “as pessoas sentem, cada vez mais, que as mulheres estão a ganhar terreno” e que, “por ser uma luta pela igualdade, a sociedade devia combater lado a lado”. 
A iniciativa tem recebido inúmeras críticas positivas e adquiriu destaque pelo Laboratório de Antropologia e Forense onde trabalham algumas das antropólogas entrevistadas. A última entrevista do projeto sai este sábado, dia 13, com a participação da coordenadora do curso de Antropologia da Universidade de Coimbra, Sofia Wasterlain.

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