Ensino Superior

Investigadores da FEUC “À ConVersa sobre…” emoções

D.R.

Participantes citaram obras de José Saramago, Virgínia Eubanks, Charles Taylor e António Damásio. Conversas anteriores trouxeram temas como automação e responsabilidade. Por Julia Floriano

Na tarde de quinta-feira, 18 de março, investigadores da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) debateram o tema “Emoções” na terceira sessão do “À ConVersa sobre…”. O evento tem como objetivo promover um debate acerca de conteúdos trabalhados nas disciplinas da faculdade.

O ciclo de conversas é estruturado a partir da leitura de livros escolhidos pelos intervenientes, apresentados durante cerca de dez minutos. João Fontes da Costa, professor adjunto do Instituto Politécnico de Tomar e professor auxiliar convidado da FEUC, iniciou o evento com uma reflexão a respeito do livro “A estranha ordem das coisas”, de António Damásio. Para o docente, os assuntos deste livro englobam diversas áreas do conhecimento como neurociência, psicologia e filosofia. O autor analisa a relação entre a cultura e as emoções e confirma o vínculo entre sensação, emoção e sentimento. 

Sofia José Santos, professora assistente de Relações Internacionais na FEUC e pesquisadora do Centro de Estudos Sociais da UC (CES/UC), apresentou o livro “Automating inequality – how high-tech tools profile, police and punish the poor” de Virginia Eubanks. O livro publicado em 2017 desenvolve questões sobre o uso de algoritmos na sociedade norte-americana, com o objetivo de controlo de fraude e da obtenção de dados precisos sobre a população. A docente sublinha que há a bipolarização de emoções de forma implícita durante a leitura do livro e que este evoca um sentimento “emotivo e sufocante” ao leitor.

O professor auxiliar da FEUC, Eduardo Barata, prosseguiu a conversa com a terceira intervenção. O economista compartilhou a sua análise sobre o livro “Ensaio sobre a Cegueira” do escritor português José Saramago. Nesta obra, o docente destaca as emoções “fugazes e intensas” que provocam o distanciamento dos indivíduos e problematiza a “incapacidade de ir além da emoção” na atualidade. O investigador acrescenta ainda que é necessário “fechar os olhos e ver o que é invisível”.  

Bernardo Teles, investigador e professor auxiliar da FEUC, encerrou a primeira parte do evento com o livro “Self-Interpreting Animals” do autor franco-canadiano Charles Taylor. Neste ensaio, o autor expõe argumentos que rodeiam o debate sobre “o que é ser humano” e de que forma as emoções permitem explicar o porquê dos seres humanos não conseguirem dialogar com extraterrestres, destaca Bernardo Teles. O investigador aponta que a existência de emoções é um fator diferenciador dos seres humanos e acrescenta que a angústia e a vergonha, entre outras, fazem parte de um ciclo emocional que não pode ser “dissolvido”. 

A segunda parte do evento contou com questões colocadas pelo público e com uma reflexão sobre o impacto da leitura na construção das emoções. A quarta sessão do “À ConVersa sobre…”, que vai acontecer em maio, aborda o tema da inclusão.

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