Ensino Superior

Erasmus em ano de pandemia

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Programa de intercâmbio com funcionamento prejudicado devido à crise pandémica. Universitários portugueses que aderiram à oportunidade expressam descontentamento com a realização do Erasmus+. Por Ana Haeitmann e Jéssica Terceiro 

No ano letivo 2020/2021, a COVID-19 impediu alguns estudantes de realizar o programa Erasmus+ e os que conseguiram, tiveram a experiência dificultada. O programa de mobilidade, que dá a oportunidade de conhecer novas culturas e línguas e expandirem os seus horizontes, não só académicos, prosseguiu, mesmo em contexto pandémico. No entanto, o que podia ser uma troca de novas experiências, pessoais e académicas, acabou por ficar reduzido a aulas maioritariamente ‘online’.

Carolina Bueno do Nascimento, licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), tinha a intenção de realizar um estágio em Siena, Itália, onde trabalharia como curadora num museu. No entanto, segundo a estudante, com o encerramento das fronteiras o programa foi cancelado. Carolina Bueno diz que “já tinha pensado em desistir, mesmo antes do confinamento”, por saber que não ia poder ter a vida social que queria ou visitar lugares turísticos. 

Daniel Lopes, estudante de Engenharia e Gestão Industrial no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, está na Polónia em Erasmus, apesar de estar a ter apenas aulas em regime ‘online’. De acordo com o estudante, “a escolha de participar no programa deveu-se a querer conhecer novas culturas e viajar”. Apesar de não ter desistido da experiência, admitiu a existência de alguns entraves. “Por causa da pandemia não é possível nem tomar um café ou ir passear”. 

Em outubro do ano passado, Ana Filipa da Silva, estudante de Engenharia Ambiental na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, rumou até à República Checa, pelo programa Erasmus. Segundo a aluna, o objetivo era “viajar e sair da zona de conforto”, mas não conseguiu explorar tanto o país de escolha, devido à COVID-19. Mesmo com aulas em formato remoto, Ana Filipa da SIlva diz que a experiência “foi muito boa”. “Apesar das circunstâncias que estamos a viver, consegui conhecer pessoas e evoluir nos estudos”, revela. 

Catarina Félix, estudante do terceiro ano de Jornalismo e Comunicação na FLUC, partiu para a Polónia em setembro de 2020 na busca de conhecer uma cultura diferente e aperfeiçoar o seu inglês. Acredita que ir de Erasmus contribui para um desenvolvimento mais pessoal. “Faz com que tenha mais responsabilidades, me empenhe e seja mais autodidata”, explica. Catarina revela ainda que, na sua chegada, deparou-se com diversas dificuldades ao nível da documentação devido às equivalências de cadeiras. A estudante expressa também o seu desagrado com falta de informação e desorientação por parte da Divisão das Relações Internacionais e do seu próprio coordenador do programa.  Apesar dos obstáculos, da pandemia e da língua polaca, Catarina conseguiu desfrutar de algumas zonas no país, e mostra que teve uma boa adaptação no que toca “a conhecer, de forma indireta, outras pessoas com outro tipo de mentalidade e costumes”.

Apesar das medidas excecionais do Governo e da Comissão Europeia para proteger a viabilidade do programa de mobilidade internacional, o projeto Erasmus+ acabou por ser afetado. No entanto, alguns estudantes conseguiram aproveitar a experiência, mesmo com as medidas sanitárias impostas pelos países que os receberam.

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