Amostras de soro e saliva vão ser analisadas em laboratório da UC. Tiras de papel, sistemas de fluxo lateral e sensores eletroquímicos são tecnologias utilizadas. Por Tomás Barros e Luísa Tibana
O “TecniCov”, liderado por Goreti Sales, docente do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Coimbra (DEQ/FCTUC), desenvolve tecnologias para identificar respostas imunológicas para o SARS-CoV-2 na saliva ou no soro. A iniciativa que nasceu em contexto de confinamento trabalha na produção de testes rápidos e de baixo custo.
O projeto conta com um financiamento de 450 mil euros proveniente da Agência Nacional de Inovação e com a colaboração de equipas da Universidade Nova de Lisboa, do Instituto Superior de Engenharia do Porto e da empresa INOVA+. Segundo a docente, o material sintético utilizado nos ensaios foi disponibilizado por Martin Bachmann, professor da Universidade de Oxford. Para além disso, todos os testes com amostras de pacientes vão ser realizados num laboratório da UC dedicado à COVID-19.
De acordo com Goreti Sales, foram desenvolvidas três tecnologias diferentes para a realização de ensaios, que se adequam a fases distintas da doença. A primeira delas consiste em tiras de papel que em contacto com a amostra mudam de cor, “permitindo apurar a quantidade de anticorpos que ali se encontram”. Existem ainda, sistemas de fluxo lateral, “semelhantes aos testes de gravidez” e sensores eletroquímicos, “similares às tiras de diabetes”, esclarece.
Perante a atual situação pandémica, a docente ressalta a importância dos testes para que se possa realizar uma estratificação da população. “Isto significa separar os que têm resposta imunitária dos que não têm, de maneira a evitar alguns constrangimentos relacionados ao confinamento”, declara.
Goreti Sales alega que o desejo da equipa é que os testes cheguem ao mercado com um valor a rondar os dois a cinco euros. “Os materiais utilizados são relativamente baratos, mas o custo vai depender da amplitude de produção, entre outras circunstâncias”, clarifica.
A professora da FCTUC explica que há um intervalo entre a finalização de um projeto tecnológico e a sua entrada no mercado. Todavia, acredita que, dentro do contexto da pandemia, “a necessidade de reagir de forma eficaz e rápida vai reduzir esta janela”. A docente elucida que “tal como detetar a presença do vírus, é igualmente importante a identificação de um resposta imunitária, para que o combate à pandemia possa correr da melhor forma”.
