Ciência & Tecnologia

Projeto da FMUC procura combater o ‘burnout’

Marina Cruz

Estudantes que sofrem da síndrome de ‘burnout’ tendem a não procurar ajuda. Especialista afirma que alunos receiam exteriorizar o problema por encará-lo como uma “fraqueza”. Por Nino Cirenza, Margarida Martins e Xavier Soares

Teve início esta semana o projeto “COMBURNOUT”. A iniciativa é de uma equipa da Faculdade de Medicina de Universidade de Coimbra (FMUC), e tem como objetivo combater a síndrome de ‘burnout’ em estudantes de medicina e medicina dentária da Universidade de Coimbra (UC). Segundo a coordenadora do projeto, a psicóloga Ana Telma Pereira, essa condição afeta quase metade dos universitários das duas áreas, número superior ao de alunos de outros cursos. 

O ‘burnout é uma perturbação psicológica causada pelo ‘stress’ e pela sobrecarga de trabalho. De acordo com Ana Telma Pereira, a síndrome tem origem em “fatores internos e externos”. Para a psicóloga, os fatores estão “relacionados com traços de personalidade dos indivíduos” aliados à pressão de espaços profissionais e de estudo competitivos.

A iniciativa organizada pela FMUC visa identificar os estudantes com a síndrome de ‘burnout’ e promover alterações comportamentais. Ana Telma Pereira refere que as mudanças baseiam-se em três componentes: a autovalorização, a aceitação que o “sofrimento é intrínseco à condição humana”, e a aprendizagem do ‘mindfulness’, prática meditativa que pretende fazer com que a pessoa esteja “consciente das experiências que causam dor”. 

Ana Telma Pereira explica que as consequências do ‘burnout’ são graves não só  para os alunos de medicina, mas também “para todos os indivíduos”. Entre as consequências, está uma maior probabilidade de cometer suicídio, abuso de substâncias tóxicas, vulnerabilidade ao ‘stress’ e diminuição da capacidade de concentração. 

A pandemia tem sido outra agravante para as pessoas que têm a síndrome de ‘burnout’. De acordo com Ana Telma Pereira, “as contingências impostas pela pandemia retiram oportunidades que poderiam servir como fatores protetores do “stress”. A psicóloga afirma que os momentos de convívio e lazer atenuam a “carga negativa derivada das exigências académicas”, algo que agora não acontece. Apesar do projeto ser direcionado para os alunos de medicina e medicina dentária, Ana Telma Pereira não exclui a possibilidade de que a iniciativa possa ser oferecida a toda a comunidade estudantil, “através do desenvolvimento de aplicações para telemóvel e da disponibilização de um manual de intervenção para os serviços de apoio ao estudante”, conclui.

To Top