Projeto conta com obras elaboradas a partir de esboços de Leonardo Da Vinci. Exposição é composta por espólio de objetos sobre carpintaria e anatomia. Por Beatriz Monteiro Mota
“Tornar o Conhecimento Visível” é uma instalação sobre Leonardo Da Vinci, organizada pelo Museu da Ciência e pelo Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra, que decorre de 1 de março a 30 de junho. A Casa das Caldeiras acolhe não só as obras de maquinaria como também as de biologia e, tenciona mostrar uma parcela do trabalho do inventor italiano.
“A exposição parte de uma coleção de 12 máquinas feitas a partir dos desenhos de Leonardo Da Vinci”, esclarece o diretor do Exploratório e diretor adjunto do Museu da Ciência, Paulo Trincão. A maquinaria foi doada ao antigo Museu Nacional da Ciência e da Técnica no final dos anos 60.
As peças expostas são contextualizadas com desenhos do pintor renascentista e vão desde carpintaria a biologia. “Estas máquinas são algumas das que podiam ser construídas a partir dos mecanismos do inventor”, expressa o diretor. Paulo Trincão relata que as obras “na teoria não têm nada a ver umas com as outras mas, fazem sentido na cabeça de Leonardo Da Vinci”. Conta ainda que a exibição ficou guardada durante 40 anos e que “viajou por muitas mãos dentro do continente europeu”.
A ideia enquadra-se no 500º aniversário do artista que, segundo Paulo Trincão, teve uma vida com a qual a Universidade de Coimbra (UC) se identifica, por ser um “cientista pluridisciplinar”. Com este projeto, a organização tem como objetivo enfatizar a vocação cultural da Casa das Caldeiras e, “mostrar como Leonardo Da Vinci se liga aos 730 anos da UC”, informa o dirigente.
O diretor ressalva que um dos objetivos é propor a toda a comunidade estudantil a possibilidade de conhecerem uma exibição diferente. Durante uma visita à exposição, Catarina Oliveira, estudante da UC, expressa que “os modelos das máquinas de Leonardo Da Vinci estão bem constituídos e são parecidos com o que este idealizava no papel”.
Mariana Astride, conservadora-restauradora das peças e estudante do mestrado em Conservação e Restauro de Bens Culturais na Universidade Católica do Porto, afirma que é possível presenciar a sabedoria que o artista transportou para o papel. “Agora é possível ver e tocar as suas invenções”, exemplifica. “É sempre bom estar em contacto com o conhecimento do autor, é quase como ligar à cabeça de um génio”, revela.
Na visão de Paulo Trincão, o artista antecipou o futuro ao alcançar o conceito de transdisciplinaridade, antes do resto humanidade. Enfatiza ainda a importância de Leonardo Da Vinci ao criar uma ligação entre a arte e a ciência. “A visão artística tem uma componente emocional e pode ser compatível com o rigor da ciência, tal como o inventor previu”, salienta. O diretor vê ainda nesta iniciativa uma forma de projetar, a nível nacional, a cidade de Coimbra e a UC.





