Ensino Superior

Eurodeputados marcam presença no primeiro dia do ‘Seed of Storm’

Bruno Oliveira

Sustentabilidade, Economia e União Europeia guiaram primeiro dia do SOS. Estudantes são encorajados a participar numa recolha de roupa, que será doada a instituições de solidariedade. Por Bruno Oliveira

Durante a tarde de quarta-feira começou na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) o ‘Seed of Storm’(SOS). Dia 26 foi o primeiro de quatro dias de um evento que, nas palavras da organizadora Ângela Seixas, trata de desenvolvimento económico, progresso social e sustentabilidade. Depois da sessão de abertura o auditório da FEUC recebeu quatro eurodeputados que debateram os temas acima mencionados, refletindo sobre os desafios e o papel da União Europeia (UE) nos mesmos. Por fim Tânia Covas, representante do projeto Académica Start UC falou ao auditório sobre empreendedorismo e o papel deste projeto na academia.

A sessão de abertura contou com um painel composto por diversas figuras da UC: Ângela Seixas, organizadora do evento e embaixadora da Académica Start UC, o presidente do Núcleo de Estudantes de Economia, Rafael Vaz e ainda João Assunção, vice-presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC). Da parte da UC, esteve presente Hermes Costa, subdiretor da FEUC e também Luís Simões da Silva, vice-reitor. As intervenções ficaram marcadas por uma concordância generalizada em relação aos problemas climáticos e ao papel crucial da UC e da AAC na solução destes. Os oradores concordaram ainda na importância de alertar a comunidade estudantil para a necessidade de agir. Como lembrou Ângela Seixas, é “necessário consciencializar a nossa geração para o trabalho que temos pela frente”.

Depois das intervenções iniciais subiram ao palco os eurodeputados. Começou por intervir Lídia Pereira, do PSD, numa intervenção dinâmica, fazendo-se valer de uma tecnologia que permitiu fazer um inquérito ao público e gerar os respetivos resultados estatísticos na hora. Concluiu-se, entre outras coisas, que a plateia de uma forma geral se identificava com o projeto europeu. A eurodeputada alertou que a geração dos ‘millennials’ pode vir a ser a primeira a viver pior que a anterior. Por essa e outras razões, acrescenta que a década que se segue é “decisiva para o projeto europeu”.

O segundo orador foi José Gusmão. O eurodeputado do BE fez uma reflexão dos anos de Portugal na UE e destacou o crescimento anémico do PIB português após aderir ao euro. A principal consequência da entrada de Portugal na UE é o aumento da divida externa, que “é insuportável”, lembra o eurodeputado. José Gusmão fez questão de dar a conhecer alguns problemas dos índices de empregabilidade, problemas porque os critérios mudam constantemente: “Hoje um empregado é alguém que trabalhou uma hora no último mês” explicou.

Já depois de abordar o problema do financiamento do Pacto Verde Europeu e a propósito de uma questão colocada por um estudante na audiência, José Gusmão lembra a necessidade de pensar a ligação entre capitalismo e socialismo com “mais sofisticação”. A Europa conseguiu um maior crescimento económico com Estados interventivos e forte ação sindical, a UE com inspiração neoliberal foi onde houve menor crescimento económico, explicou o eurodeputado.

Na intervenção de Miguel Viegas, o eurodeputado do PCP colocou dois problemas na abordagem aos problemas ambientais: o primeiro é a dificuldade em ultrapassar a ideia de que uma só pessoa não faz a diferença, em segundo lugar aponta uma falta de clareza no discurso político. Numa perspetiva mais abrangente afirma que “a economia de mercado capitalista está na origem do problema”. Aproveitou a intervenção para dar a sua opinião em relação ao tema da carne de vaca nas cantinas da UC. Miguel Viegas discorda da proibição e afirma que o problema não é a carne de vaca, mas sim como ela é produzida. O ex-veterinário não defende a nacionalização da agricultura, mas diz ser preciso mudar o enquadramento geral, sendo que os agricultores tem uma necessidade de produzir em grande escala apenas para competir no mercado.

Por fim Álvaro Amaro, o também eurodeputado do PSD, fez uma reflexão sobre o seu passado académico na UC. Reiterou que a intervenção do estado nestas questões tem de ser repensada por ser fundamental. “O setor privado não pode responder a estes problemas” comentou Álvaro Amaro, confessando concordar em muitos pontos com o deputado do PCP.

O dia foi encerrado por Tânia Covas, com uma palestra sobre inovação e empreendedorismo, que deu a conhecer ao público o projeto Académica Start UC e também o UC Business. Abordou o tema da geração Z e de como esta vai ter um papel fundamental no futuro do planeta, desde logo pela “facilidade em lidar com tecnologia”. Sublinhou uma consciencialização crescente sobre ecologia nesta geração e até já na seguinte a chamada geração ‘ALPHA’. Revelou o desejo de que a UC seja vista como inovadora e a necessidade de ter “uma relação intrínseca com o mercado”. A Académica Start UC é um projeto que nasceu em 2011 e que visa fortalecer a relação entre alunos, o mercado e as empresas.

O SOS vai continuar durante o mês de março. Nas primeiras três quartas-feiras do próximo mês, a FEUC vai receber palestras e ‘workshops’ relacionados com os temas que motivam esta iniciativa. Todos os eventos são gratuitos e os estudantes são encorajados a trazer roupa para doação. Se o fizerem são premiados com uma “credencial sustentável e entrada direta no workshop de dia 4”, lembrou Ângela Seixas. A recolha de roupa é motivada pelos problemas em volta da indústria têxtil, tanto a nível ambiental como em relação aos salários dos trabalhadores.

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