Bacon e Neuhaus são influências na obra de Miguel Ângelo Marques. Artista adverte para necessidade de se ser progressista. Por Francisco Barata e João Gama Duarte.
Abriu hoje a exposição “Coimbrã Ex Situ”, da autoria de Miguel Ângelo Marques, na Galeria V da Rádio Baixa. O artista propôs-se a “transpor os valores do final do século XIX para o presente”, com a elaboração de nove pinturas e de um vídeo.
Quando questionado sobre a origem da inspiração, Miguel Ângelo Marques explica que “a ideia surgiu de uma conversa com o curador do espaço, Rui Barros, que propôs que pintasse a cidade de Coimbra”. O seu trabalho passou por “perceber como é que podia olhar para a cidade de forma diferente”. Foi nesta reflexão que “surgiu o conceito de pegar num trabalho fotográfico existente e depois pintar sobre ele”, conta o autor.
Para além da cidade de Coimbra em si, a exposição também tem como tema a Questão Coimbrã, que opôs naturalistas e românticos na década de 70 do século XIX. Tal como os pensadores da Geração de 70, também Miguel Ângelo Marques afirma desejar “ ir contra um cânone instituído, contra uma cidade que parece opor-se à arte contemporânea e apegada aos antigos costumes”. Para além destes artistas portugueses, o autor da exposição cita Francis Bacon e Werner Neuhaus como influências no seu trabalho. Inspira-se na arte “que seja bruta e figurativa acima de tudo, e que traga dúvida e questão”.
Miguel Ângelo Marques aponta como preferida a pintura que dá nome à exposição,
“Coimbrã Ex Situ”, “porque embora fale sobre uma zona suburbana de Coimbra,
parece-se com duas janelas a abrirem-se sobre a cidade”. “Adorei a fotografia
original e quis reinterpretá-la à minha maneira”, refere. Quanto ao tema geral
da exposição, o artista deixa o recado: “Temos de ser mais reacionários e não
nos podemos acomodar, a arte tem de ser progressiva e tem de ser nova”.
