Cultura

Paisagem rural de São Gregório viaja até ao Convento São Francisco

Carolina Fernandes

Instalações artísticas mesclam diferentes áreas da arte. Projeto propõe modelo de visita interativo e “fora dos padrões normais”. Por Francisco Barata e Carolina Fernandes

O Convento São Francisco acolhe o programa de exposições “Invasor Abstracto”, constituído pelas instalações “Belo Horizonte” e “Campo Próximo”, desde 30 de novembro. A autoria do programa está a cargo do coletivo OSSO. As duas exposições têm como objetivo mostrar elementos caraterísticos da aldeia de São Gregório. A escolha do local deve-se ao facto do coletivo estar a desenvolver um projeto de residências artísticas no povoado.

“Belo Horizonte”, abrigada pelo espaço Welcome Center, conjuga em si som, fotografia e objetos tridimensionais que espelham a paisagem rural. “A nossa proposta foi trazer um bocado do nosso espaço, o nosso habitat, que é a aldeia, no concelho de Caldas da Rainha, e invadir o Convento”, conta Nuno Torres, um dos artistas criadores do projeto. Este explica ainda que a instalação tem como propósito observar a forma como o Convento recebe outro tipo de “ecossistemas”, pois o espaço “dialoga” com a exposição. “Não é um confronto direto, é uma relação”, acrescenta.

A montagem contou com a co-criação de Rita Thomaz, Pedro Tropa, Nuno Torres e Ricardo Jacinto. “Aqui tentámos ao máximo ter um objeto que juntasse as perspetivas e ideias dos quatro elementos, trazendo uma vivência e um quotidiano para o Convento”, explica Nuno Torres. Rita Thomaz assina os desenhos de índole abstracta. Já Pedro Tropa esteve a cargo da fotografia, enquanto que Ricardo Jacinto e Nuno Torres se incumbiram do “universo do som”.

Por seu lado, “Campo Próximo”, de Diogo Alvim e Matilde Meireles evoca a aldeia de São Gregório através do som. A instalação parte de “um percurso que se estabelece entre Caldas da Rainha e o Convento”, esclarece Nuno Torres, e passou pela gravação de sons em 15 lugares ao longo do trajeto. Cada som captado é apresentado, na exposição, com a duração correspondente ao tempo que o som demoraria a percorrer desde o local de origem até ao Convento São Francisco.

No âmbito do programa destas exposições, surgiu o projeto “VIA – Visitas Invasor Abstracto” que propõe ser uma visita fora dos padrões normais, como afirma Ricardo Falcão, artista convidado para dinamizar a iniciativa.  Segundo o mesmo,  o propósito é descodificar o mundo artístico do coletivo OSSO de forma interativa. “A ideia é que membros da equipa do Convento tenham conteúdos que nos fazem desconstruir o conceito da exposição”, aclara.

 “VIA – Visitas Invasor Abstracto” destina-se a três públicos distintos: infantil, público geral e especializado.  As sessões guiadas vão ser adaptadas consoante os visitantes. Ricardo Falcão esclarece que as atividades para os mais novos vão ser mais lúdicas. Já o público especializado vai encontrar desafios que pretendem fomentar a reflexão acerca do que é a arte e o que são os cruzamentos disciplinares. Até ao dia 22 de março do próximo ano, as instalações de cariz experimental vão fazer das salas do edifício a sua casa.

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