Superioridade de oportunidades da Académica não foi suficiente para obter um resultado positivo. Lenços brancos no final do jogo revelam descontentamento por parte dos adeptos. Por Bruno Oliveira e Carlos Torres
Num início de tarde que se fazia parecer complicado para a prática desportiva, o tempo acabou por se compor no momento em que a bola começou a rolar. O encontro entre a Académica e o Farense marcava a décima jornada da II Liga. Depois da derrota frente ao Varzim, na jornada anterior, a equipa da casa contou com duas alterações no onze inicial. Para o lugar de Marcos Paulo e Barnes Osei entraram Leandro Silva e Ricardo Dias, com o objetivo de trazer mais segurança ao meio campo.
O início do jogo foi um pouco atabalhoado por parte das duas equipas, com muita disputa a meio campo e pouco critério na hora do passe. Com um terreno de jogo ensopado e mal tratado, esperava-se um encontro muito físico e pouco convidativo ao futebol bonito. O primeiro susto para a Briosa aconteceu logo aos 14 minutos. Chaby sofreu uma entrada feia, que o levou a sair de maca e com muitas dores. O jogador do Farense saiu impune, apesar dos protestos da equipa da casa. Após alguns minutos de pausa, Osei entrou para o lugar do jogador emprestado pelo Sporting.
Com o avançar do cronómetro, a superioridade da Académica começou a tornar-se visível. Nas reposições de bola a equipa tentou sempre sair a jogar com passes curtos, apesar do bloco coeso e subido que o Farense apresentava.
Após algumas insistências sem sucesso por parte da Académica, o golo viria a aparecer ao minuto 29, na sequência de uma falha defensiva no eixo da defesa algarvia. O protagonista foi João Mendes, que, numa jogada individual, acabou por concluir com frieza. Decorridos 30 minutos de jogo, à exceção do golo apontado pela Briosa, houve poucas oportunidades dignas de registo, com a contenda a revelar-se muito faltosa, de parte a parte.
O primeiro amarelo surgiu aos 31 minutos para Silvério, na sequência de um corte à entrada da área. Na cobrança do livre, Furlan Soares bateu forte para uma defesa com alguma dificuldade de Mika. Após alguns instantes, Derik sofre uma entrada dura por parte do capitão da equipa adversária, que resulta no primeiro amarelo para os visitantes.
Após um lance polémico na área do Farense, que motivou muitos protestos na bancada, os visitantes chegam à igualdade. No seguimento da jogada é assinalado penálti na área estudantil, com Nunes a ser derrubado, levando ao desespero os adeptos da casa. Chamado a bater, Fabrício Simões não perdoa. Estava restabelecida a igualdade no marcador, com o relógio a assinalar 34 minutos.
Até ao final da primeira parte, o jogo regressou a um registo com pouco critério e com muitas faltas. Em 45 minutos de jogo, houve um total de 25 faltas, o que demonstra a batalha que existiu dentro de campo. O árbitro acabou por dar apenas um minuto de tempo extra, apesar do tempo perdido ao longo da partida.
A segunda parte não trouxe nada de novo à partida. Ao minuto 47, Derik, numa jogada individual, tenta a sorte, mas o remate acabou por ser travado pela defesa contrária. O jogador mostrava-se confiante e com vontade de chegar à baliza. Minutos depois voltou a ser travado à entrada da área, o que resultou num livre com pouco perigo para a baliza de Marques.
A primeira substituição do Farense ocorreu ao minuto 52. Bura entra para o lugar de Filipe Melo, numa troca a meio campo. Até ao minuto 60, a Briosa continuou por cima, com algum pendor ofensivo. Osei, até ao momento, era o jogador que mais procurava o golo, mas sempre sem sucesso.
Pouco antes do minuto 70, ambos os treinadores mexeram nas respetivas equipas. Para o lado do Farense, Sérgio Vieira lança Irobiso no jogo para o lugar de Mayambela, que acaba por receber amarelo já fora do campo. César Peixoto acabou por retirar Derik do onze, que até então fazia uma boa exibição, com Djoussé a entrar para o seu lugar.
Poucos instantes depois, Leandro Silva é derrubado na área. A equipa técnica da casa, a par do público, pede penálti, mas o árbitro mandou seguir a partida. César Peixoto afirmou ser “vergonhoso um penálti tão óbvio não ser assinalado”. Até ao minuto 80 os estudantes contaram com algumas oportunidades de golo, através de bolas paradas. Destas destaca-se o livre batido por João Mendes, que levou algum perigo à baliza visitante.
A equipa algarvia acabou por chegar ao golo da vitória, aos 88 minutos, após um corte infeliz da defesa da Briosa e de uma perda de bola de Ricardo Dias. Na sequência da falha, Fabrício Isidoro acerta na baliza com um remate forte e em arco, com o esférico a entrar junto ao poste direito da baliza defendida por Mika. Até ao final, os estudantes tentaram mudar o resultado, mas era visível que a equipa tinha sentido o golo. O juiz da partida adicionou quatro minutos de tempo extra, mas não se verificou mais nenhuma oportunidade digna de registo.
Depois do apito final era visível o descontentamento dos adeptos, que erguiam lenços brancos nas bancadas. Entre muitos protestos e insultos, a equipa não deixou de agradecer ao público presente.
Na conferência de imprensa, Sérgio Vieira revelou que a equipa já estava à espera de um jogo complicado, como é típico da II Liga. Questionado sobre a superioridade da equipa contrária, o treinador visitante refere que o resultado foi merecido e que foi o fruto de várias semanas de trabalho.
Já César Peixoto acredita que a sua equipa foi a única que entrou com vontade de ganhar. Entre várias queixas contra a arbitragem, o treinador da Briosa afirma que a sua equipa “não está onde quer, nem onde merecia estar”. Questionado sobre a sua permanência, o treinador esclarece que nunca será um problema para o clube e que está aberto a conversações com a direção, se for o caso.
Com este resultado, a Académica soma o terceiro jogo sem vencer e aproxima-se cada vez mais dos lugares de despromoção. O próximo encontro para a II Liga é contra o Vilafranquense, marcado para o dia 30 de novembro. Antes disso, vai a Famalicão numa partida a contar para os 16 avos da Taça de Portugal.
Fotografias por Bruno Oliveira, Carlos Torres e André Crujo.
