Cultura

As nuvens choraram por Valter Lobo

Gabriel Rezende

Regresso a Coimbra marca início de trilogia de concertos. Num ambiente introspetivo, Valter Lobo reaproxima-se “ao calor humano e ao mundo”. Por Bruno Oliveira e Carolina Prodan

Foi num ambiente propício a “Naufragar”, e envolvidos em tons escuros, emoções visíveis e num “ruído familiar”, que Valter Lobo acalorou o público nesta noite de sábado chuvosa. Ao badalar das 22 horas, “reaproximação ao calor humano e ao mundo” foram os motes para este concerto no Salão Brazil.

O público sentou-se, por preferência do artista, para o receber. “Gosto de criar um ambiente mais melancólico”, confessou Valter Lobo, a pedir que se desligassem as luzes da sala. Agradeceu ao público atento pela adesão e confessou-se surpreso com a mesma.

O cantautor fafense abriu com o tema “Olha por mim”, do EP “Inverno”, prometendo cantar músicas tristes. A interação com o público foi marcante, pelo que manifestou sentir-se “em casa”. “Estou confortável e por isso estou falador”, brincou. As várias conversas com o público pautaram a noite. Descreveu-se num desses momentos como um artista com pouco alcance. “Não tenho grande agente, não dou na rádio, na TV ou nos jornais”, sublinhou Valter Lobo.

Mais tarde, o nortenho lembrou uma participação numa das edições da Via Latina, com o poema “Ser de água”, que passou a compor o EP de lançamento do artista. Memória esta especial, sobretudo depois de saber que a mesma terminou. “Foi especial fazer parte de uma coisa que já acabou”, alegou.

Houve espaço para algumas novidades, dentre as quais o tema por editar, que dedicou ao filho. “A música é a única coisa que posso deixar ao meu filho”, lembrou ainda Valter Lobo. Perto do fim, deu a conhecer um outro projeto que partilha com André Barros, intitulado “Lobos de Barro”, do qual cantou ‘a cappella’ o tema “Quero que me acordes”.

Encerrou com “Oeste”, acrescentando que em geral não dança, mas que esta música representa o que o faz dançar. Valter Lobo denota este “o único momento de felicidade” entre todos os restantes temas que identifica como melancólicos.

Esta noite o cantautor fafense deu início a uma trilogia de concertos. Depois de Coimbra, Valter Lobo segue para Lisboa, dia 16 de novembro, no Telheira Art Fest. Mais tarde, a 23 de novembro, apresenta-se no Auditório C.C.O.P, no Porto.

O próximo ano conta com algumas novidades, mas Valter Lobo revelou, durante o concerto, que ainda estão em fase de edição. Leia os pormenores sobre o próximo álbum em entrevista exclusiva na próxima edição impressa do Jornal A Cabra.

Fotografias por Gabriel Rezende

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