Ensino Superior

Praxe em debate nos jardins da AAC

Maria Monteiro
Maria Monteiro

Iniciativa contou com a presença de atuais e antigos estudantes da UC. Alternativas à atividade praxística e revisões ao código de praxe foram discutidas pelos intervenientes. Por Diogo Machado e Maria Monteiro

Discussão acerca da atividade praxística nos últimos anos foi o tema do debate “O que é a praxe?”, promovido pela Direção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) nos jardins da AAC. O evento inseriu-se no seguimento da Semana Cultural e a discussão entre os diversos convidados foi intermediada por moderadores da RUC.

Segundo Miguel Leitão, responsável da DG/AAC pelas Secções Culturais, a ideia da realização do debate veio de um desafio lançado pela UC para abordar o tema da praxe. Para o responsável, este foi “o método mais eficaz de discutir o assunto”. O balanço do debate, na opinião de Miguel Leitão, foi positivo, pela presença de pessoas “interessadas em ouvir os dois lados da questão da praxe”.

O painel de convidados foi dividido em dois grupos: António Xavier Coutinho, professor no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (UC), o dux veteranorum da UC, Alexandre Matias, e o presidente da Secção de Fado da AAC (SF/AAC), Emanuel Nogueira, foram os intervenientes a favor da praxe, embora de perspetivas diferentes.

Por outro lado, os membros do painel contra a atividade praxística e a favor de alternativas de integração foram João Gabriel Silva, antigo reitor da UC e professor na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC), Carla Panico e Beatriz Guerreiro, pertencentes ao grupo Cria´ctividade, um projeto de integração alternativo à praxe.

Apesar de ser a favor da atividade, o presidente da SF/AAC declarou que não compactua com “a maneira como a praxe se faz hoje em dia”. Para Emanuel Nogueira, seria importante que a praxe fosse “uma iniciativa para mostrar a riqueza cultural e desportiva da AAC”. Em debate, o professor António Xavier Coutinho recordou os tempos em que foi praxado e esclarece que “a praxe deve ser levada na desportiva”. O dux veteranorum da UC referiu que, apesar de antigo, “o código de praxe é apenas um conjunto de recomendações para regular a atividade”. Completou ainda que a revisão do código é algo “necessário para sinalizar o que é tradição ou não e adaptá-lo à praxe moderna”.

A ideia da “infantilização do ensino superior” foi apontada por Alexandre Matias como o principal causador da descredibilização da praxe ao longo dos tempos. Carla Panico, representante do grupo Cria´ctividade, falou um pouco da visão do grupo quanto à integração de novos estudantes. “Na nossa opinião, a integração não tem a ver com autoridade e hierarquia, tem a ver com conversar e conhecer”, explicou a representante.

O antigo reitor da UC esclarece que a instituição não dispõe de nenhum mecanismo que lhe permita “ser polícia” e controlar o que se passa nas praxes. Para João Gabriel Silva, a praxe “não é um processo saudável nem uma forma de integrar de forma digna”.

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