The Gift voltam ao Teatro Académico Gil Vicente, hoje, dia 17 de maio. A vocalista da banda expressa contentamento ao chegar ao final da turnê. Por Leonor Garrido e Maria Monteiro
“The Gift” significa o quê? Um presente ou uma dádiva?
Já há 20 anos que não falo disso! Não é uma coisa nem outra, na verdade não pusemos este nome pelo sentido que a palavra tem, mas sim porque era bonito.
É a vossa primeira vez a atuar em Coimbra?
Não, nem pensar. Desde 1996, que começamos os nossos primeiros concertos, sempre passamos por Coimbra. Aliás, uma das turnês que estreamos foi logo no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), em 1998. Em todos os discos que fizemos viemos sempre a Coimbra. Ou pela Queima das Fitas, ou pelo TAGV, já não tenho dedos para contar todas as ocasiões que viemos a Coimbra, sempre com muito gosto, claro.
Quais as vossas expectativas para o concerto?
Normalmente em Coimbra somos muito felizes. Costumamos ter sempre as salas bem compostas ou até lotadas e esperamos sobretudo que o público de Coimbra, que é um público com uma faceta virada para a cultura, goste muito do nosso disco novo. Vai correr bem.
Qual o significado do nome deste último album?
O Verão acontece na sequência de um disco chamado Primavera, e é precisamente a continuação do conceito. Muito provavelmente vão existir o Outono e o Inverno, mas isto ainda não é para esta estação.
Porque é que a turnê se chama Primavera Verão?
A turnê chama-se assim por conjugar as músicas de dois CD´s. Conjugando as músicas dos dois discos e unificando assim os conceitos, esses mais íntimos e calmos, os concertos são normalmente feitos em auditórios e teatros como o TAGV.
Se tivesse de descrever a fase atual dos The Gift numa palavra, qual seria e porquê?
Numa palavra, os The Gift estão a trabalhar. Porquê? Porque estão sempre, basicamente…É isso.
Quais são os planos para os próximos tempos? Em termos pessoal e da banda.
Precisamente ir a uns tais festivais, a uns tais palcos maiores, tocar para mais gente.. E depois pode ser que no final do ano dê para tirar dois ou três dias de férias.
Já cantou com o seu marido, vocalista da banda Moonspell. Como é que é essa relação amorosa e musical?
Ah, isso foi uma vez que ele me convidou para cantar no dia dos namorados, na Casa da Música no Porto e eu cantei uma canção com ele, efetivamente, que é a “Mute”, que é uma canção muito bonita. Mas a única coisa que mantemos em comum ainda será o projeto “Amália Hoje”.
Vimos que tem muitos gatos. Como é que os seus animais a inspiram na vida e na música?
Os meus gatos inspiram-me na medida em que, se estou com eles é porque estou em casa, portanto, os meus gatos são sinónimo de felicidade. Independentemente de servirem de inspiração ou não, os meus gatos são sempre um momento de felicidade, portanto isso, efetivamente, direta ou indiretamente há-de me influenciar na minha música.. Espero eu. Acho que se não tivesse gatos era uma pessoa bastante pior.
Alguma vez teve vontade de ser a Sónia Tavares mãe e dona de casa?
Mil milhões de vezes! Tenho 42 anos e passei 21 a pensar nisso (risos). Porque, como devem calcular, isto é muito giro, mas enfim… Tem os seus sacrifícios, sacrifícios complicados… E a minha vida não é tão glamorosa como a da Madonna, portanto, tenho bastantes mais dificuldades e sim, muitas vezes desejei ser dona de casa. E não condeno em nada as mulheres que ambicionam ou que gostam de ser mães a tempo inteiro ou de serem donas de casa e não trabalharem. Cada uma sabe de si!
Qual o balanço que pode fazer da tour?
Eu acho que correu muito bem. Nós inclusivamente, se fecharmos amanhã com chave de ouro , pensamos retomar esta Primavera Verão mais para o final do ano, mas para já tem sido sobretudo muito bonito.
Houve alguma coisa que a decepcionou na tour?
Não, acho que não. As coisas não são exatamente como planeamos, milímetro a milímetro, até porque na nossa cabeça até à execução tudo fica muito diferente. De uma forma geral, estamos contentes.
Há alguma coisa de especial preparada para este espetáculo, por ser o último? o que podemos esperar do concerto?
Nós normalmente decidimos isso em cima do palco, se o público estiver connosco ou não. Não é se merece ou não, mas é se está connosco ou não. Se houver condições, fazemos sempre uma gracinha, claro.
Prefere atuar em festivais ou em salas?
Em salas, definitivamente. Enfim, os festivais são uma forma magnífica de chegar a um enorme número de pessoas ao mesmo tempo, que às vezes nem sequer estão ali para ver a banda. Na sala vemos que as pessoas estão ali mesmo porque compraram bilhete, e é um sentimento absolutamente diferente. Os festivais são sempre aquela aventura de muita gente, e eu sou uma pessoa que prefere a calma e a serenidade das salas e dos teatros.
Agora na qualidade de espectadora, como vê o atual momento da música nacional?
Eu não ouço música portuguesa, não tenho banda nem cantor nenhum que me leve à loucura. Tirando a banda do meu do meu marido, Moonspell, por afinidade, não sou fã da música portuguesa. Não é por nada, é porque prefiro outras coisas, e até agora ninguém me deixou espantada.
Quais é que são as inspirações então no exterior?
São muitas, vai da sempre eterna Björk ao David Bowie, que eterno será, até os novos MGMT, por exemplo.. sei lá, os Radiohead sempre, também… Por aí, sim.
Quais acha que são as características que um artista musical deve ter?
Depende, é uma pergunta muito muito vaga.. Depende se tem uma banda, se não tem uma banda, se é um cantor a solo.. Mas acho que sobretudo, para a música em geral, pelo menos o mínimo é tentar praticar uma personalidade musical característica ou forte enfim, ser honesto naquilo que faz. Depois, o resto vem tudo com trabalho. Mas se a música for uma porcaria não ajuda, portanto.. É toda uma fórmula com muitas variáveis, normalmente, sim.
Com que estação do ano é que os The Gift se identificam mais?
Eu acho que se identificam com todas porque nós vivemo-las todas de uma maneira muito diferente das outras. Lançámos o disco ‘Primavera’ no inverno, e quando na realidade tinha sido feito no verão. Este foi feito no outono, chama-se ‘Verão’ e foi lançado no inverno. Portanto, isto é tudo assim um bocado…Vai sempre tudo parar um bocadinho ao melancólico e eu gosto de ver esse lado nas estações do ano.
Por último, o que é que mudou quando Brian Eno começou a participar na produção dos albúns?
Deu-nos, sobretudo, muito mais confiança nas decisões que tomamos. É um mentor, acima de tudo e foi uma pessoa que, definitivamente, nos abriu algumas portas para alguma empresa no estrangeiro. Isso tudo foi ótimo, entrámos em sítios que nunca tínhamos entrado, mas sobretudo foi esta grande amizade que ficou e esta coisa de mentor que ele tem, que satifaz sempre as nossas dúvidas.
