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APPACDM celebra 50 anos a apoiar cidadãos com deficiência intelectual a irem mais além

Gabriella Kagueyama

Celebração de bodas de ouro da APPACDM de Coimbra no TAGV faz referência às viagens espaciais. A “quebrar barreiras e preconceitos”, os pequenos passos da entidade fazem diferença, garante a sua presidente. Por Gabriella Kagueyama

Ocorreu na última quinta-feira, dia 16 de maio, a Gala dos 50 anos da Associação Portuguesa de Pais Amigos do Cidadão Deficiente Mental (AAPACDM) de Coimbra no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV). A cerimónia apresentou um espetáculo com alguns dos formandos da instituição sob a forma de uma peça teatral. A abertura do evento deu-se com um discurso da presidente da APPACDM, Helena Albuquerque, que emocionou alunos, pais e amigos das milhares de pessoas apoiadas pela associação.

Parte de uma série de eventos comemorativos do 50º aniversário da entidade, a noite de ontem foi marcada pelo lançamento do novo logótipo da APPACDM. A marca gráfica traz no seu desenho a convergência de duas chamas. “Trata-se da união da pessoa com a sua individualidade como deficiente intelectual”, explica Helena Albuquerque enquanto o desenho é apresentado ao público. O novo logótipo vai ao encontro da missão de “desenvolver a realização pessoal, humana e social do sujeito, potencializando a sua individualidade”, conclui.

A gala teve o nome “Apollo 11” em referência a ida do ser humano à Lua em 1969. É também o ano em que a delegação foi criada em Coimbra, depois de técnicos e colaboradores se terem associado em Lisboa, em 1962. O que foi “um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”, de acordo com Louis Armstrong, é de igual forma aplicável à APPACDM de Coimbra que, hoje, apoia milhares de jovens e idosos em todo o país.

O espetáculo foi apresentado por turmas das diferentes faixas etárias que a entidade atende. Tratou-se de uma peça de teatro baseada no livro “Homem da Lua”, de Tomi Ungerer, a qual descreve o enredo de um menino que sofre discriminação por ser diferente dos outros. Um paralelismo ao preconceito que atinge os deficientes intelectuais na sociedade.

A presidente da entidade faz uma comparação com forma como as pessoas vêem a inclusão e a reabilitação dos deficientes mentais. “Ainda há quem recuse a viagem do homem à Lua, assim como a possibilidade de integração e recuperação destes indivíduos”, salienta Helena Albuquerque. Para isso, é preciso “quebrar barreiras e preconceitos”, que foi o subtítulo da cerimónia de comemoração. 

A APPACDM é a única instituição nesta área que foi criada antes do 25 de Abril de 1974 e se aproveitou dos movimentos sociais da época para se fixar. “Não foi por acaso que a luta dos deficientes mentais surgiu em Coimbra, na altura da  Crise Académica de 1969”, salienta Helena Alburquerque. Considera que este foi um período oportuno para a militância das pautas da sociedade por toda a Europa. “Explorámos a magia dos anos 60 contra o racismo, a xenofobia e a homofobia para nos inserirmos”, acrescenta a presidente.

Após a gala realizada no TAGV, a APPACDM vai começar uma digressão pelo país. Segundo Helena Albuquerque, o paralelismo do tema da peça teatral com a viagem do homem à Lua é “importante para que os alunos revivam o facto de o homem ter sido capaz de ir mais além”. Ao expandir a atuação, confessa que o objetivo é “sensibilizar o público que ainda está distante da causa dos deficientes intelectuais”.

Fotografias por Gabriella Kagueyama

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