Ensino Superior

“Universidade à Lupa” amplia problemáticas na UC

Beatriz Furtado

Inquérito a núcleos identificou problemas na instituição. Acessibilidade de estudantes com mobilidade reduzida é uma das preocupações. Por Beatriz Furtado

Com o intuito de identificar os problemas dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC), num esforço conjunto da Associação Académica de Coimbra (AAC) e dos núcleos de estudantes da UC, foi criado um documento para o efeito. “A Universidade à Lupa” é o nome do livro que foi apresentado esta tarde no Campo de Santa Cruz. O objetivo da publicação é, segundo Raquel Martins, vice-presidente da Direção-Geral da AAC (DG/AAC) e uma das autoras, “ter uma voz mais ativa no estado da universidade”.

De acordo como presidente da DG/AAC, Daniel Azenha, o livro teve como base um inquérito aos 26 núcleos de estudantes e não só identifica os problemas como propõe soluções para os mesmos. “O documento vai ser entregue à reitoria. Já houve uma reunião com o vice-reitor, que está ciente de alguns problemas do dia-a-dia dos estudantes”, esclarece. Sublinha ainda a importância da casa aproveitar a oportunidade que é a mudança da reitoria.

O dirigente destaca cinco pontos essenciais do livro: Ensino e Métodos de Avaliação, Infraestruturas, Docência e Investigação, Mobilidade e Empregabilidade e Organização Administrativa e Apoio ao Estudante. Em relação ao primeiro ponto, o presidente da DG/AAC afirma que a avaliação dos docentes está muito centrada na parte científica, com menos peso nas questões pedagógicas. Foi visto como um problema por levar os docentes a terem como prioridade a investigação em detrimento da docência.

No que diz respeito às infraestruturas, foram detetadas dificuldades na acessibilidade de estudantes com mobilidade reduzida. Raquel Martins refere que “o facto de a UC ser Património Mundial da UNESCO é um obstáculo às mudanças necessárias, em especial nos edifícios do Polo I”. No entanto, acrescenta que estas não podem ser impeditivas de um melhor acesso e integração dos estudantes nos departamentos e faculdades. Esta opinião é partilhada por Daniel Azenha. “É importante que se olhe para esta realidade se se pretende uma universidade mais inclusiva”, reforça.

Outras preocupações identificadas são a média de idades da atual docência e a percentagem de endogamia. “Apenas 94 dos 1778 docentes têm menos de 30 anos, o que leva a uma estagnação dos métodos de ensino”, declara o presidente da DG/AAC.  Segundo o dirigente, não há renovação geracional dos quadros da UC, o que contribui para a não produção de novos professores. Releva também que “não há injeção de ideias refrescantes” devido à endogamia que se verifica na UC. Aponta como possível solução uma maior captação de docentes de outras Instituições de Ensino Superior.

O livro é fruto do trabalho entre a AAC e a UC. “Sem os núcleos, isto não era possível”, defende Daniel Azenha. Graças a estes “foi mais fácil perceber as dificuldades nos 26 cantos da universidade”. Quando questionado se o documento é uma crítica à universidade, o dirigente nega que seja o caso e reitera que é normal haver problemas numa instituição de 729 anos. “A DG/AAC não serve só para identificar os problemas, mas também fazer parte da solução”, termina.

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