Alunos procuram suprimir necessidades e indiferença dos SASUC com uma festa que começou devagar e acelerou com o avançar da noite. A falta de divulgação do evento sentida e o mau tempo não foram um impedimento para a adesão aos concertos, que divertiram os estudantes. Por André Crujo
Com o propósito de combater as condições desfavoráveis passadas pelos estudantes hospedados nas residências universitárias, o Arraial Social deu a oportunidade de estes comprarem algum equipamento com o lucro criado. A falta de apoio por parte dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra (SASUC) motivou a participação. O evento foi organizado pelo Pelouro de Ação Social e a Administração da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), que foi criticada pela má divulgação do mesmo.
O dinheiro é feito através da venda de bebidas proporcionadas pelas residências que participaram e pela própria AAC, encarregada da venda de comida e bebida. As condições climatéricas do dia 24 de abril não se mostraram como obstáculo para as festividades que se seguiram com concertos da FAN-Farra Académica de Coimbra e da Orxestra Pitagórica, na Cantina dos Grelhados.
O início do dia mostrou-se vagaroso. Pelas 18 horas, as bancadas das residências tinham as bebidas preparadas e poucas perspetivas de venda, com um pavilhão vazio e um dia chuvoso que não anunciava melhorias. O maior problema “é o tempo”, explica a encarregada da bancada da residência António José Almeida, Raquel Sampaio. As restantes residências que participaram foram as do Pólo II, a de São Salvador e a Padre António Vieira.
Os lucros dos anos anteriores rondaram os cem euros, valor que parecia pouco realista para maior parte dos estudantes que preparavam as bebidas por trás das bancadas. Os planos para os ganhos são de aquisição de eletrodomésticos e equipamento para cozinha ou pequenos confortos, como sofás, que facilitam a frequentação dos espaços – “precisamos de tachos e panelas”, enumera Cláudia Silva, da residência Padre António Vieira.
No caso da residência São Salvador, o objetivo é auxiliar a compra de uma máquina de lavar para substituir a atual que está danificada e que “estraga a roupa” quando é utilizada, explica Inês Oliveira, uma das delegadas do alojamento. Esta afirma que os SASUC não efetuam a substituição do equipamento “porque não está avariado”. A opinião é partilhada por diversos estudantes que não vêm as suas necessidades satisfeitas e tomaram a iniciativa de resolver os problemas por si. O mau trabalho na divulgação da iniciativa é denunciado pelos participantes, que apenas contaram com as redes sociais para este feito.
O presidente da DG/AAC, Daniel Azenha, mostra-se contente pelo aumento do “número de camas” nas residências, que ajuda a suprimir a procura pelos alunos, mas admite problemas como humidade e falta de espaço dos estabelecimentos. O presidente da DG/AAC elogiou o trabalho dos organizadores e considera o evento bem conseguido e planeado. A nova lista teve a sua primeira oportunidade para realizar o evento, com expectativas de este ser mais lucrativo que nos anos anteriores, afirma o coordenador do Pelouro da Ação Social, Carlos Diogo. A diminuição dos custos foi um objetivo da organização, pelo que os copos reutilizáveis suprimiram a necessidade de uma equipa de limpeza e o equipamento de som foi cedido pela Rádio Universidade de Coimbra, enquanto o Teatro Académico de Gil Vicente proporcionou o palco.
Os lucros obtidos pela própria AAC são partilhados de forma igual pelos participantes. Com menos uma residência que nos anos anteriores e um dia que se mostrava pouco propício ao sucesso da organização, a festa arrancou com grande adesão nas horas mais tardias da noite.
Pelas 21h30, a FAN-Farra Académica de Coimbra iniciou a sua atuação, que entreteve a plateia, ainda escassa. O “pandeireta” do grupo académico era acompanhado pela música enquanto animava os observadores que aplaudiam a sua habilidade. Eram já 23h30 quando a Orxestra Pitagórica subiu ao palco, com o pequeno recinto preenchido de pessoas que se desinibiram de dançar e acompanhar a letra das músicas. Após os concertos, a festa prolongou-se pela noite dentro, com música e estudantes de diversas universidades, que acederam ao evento.
Fotografias: André Crujo
