Cultura

Estado da arte da dramaturgia põe os pés em Coimbra

Cláudia Morais/TAGV

Festival reflete sobre a escrita dramatúrgica para as artes performativas contemporâneas. Contacto direto entre alunos e autores estreita relações entre teoria e prática no teatro. Por Gabriel Rezende

A quarta edição do Festival bianual Encontros de Novas Dramaturgias (Festival END) arrancou nesta quarta-feira, 27 de março. Segundo os organizadores, o festival pretende apresentar, durante três dias, “alguma da mais recente produção de dramaturgia em Portugal”.

A programação abarca, além de espetáculos teatrais, montagens em diferentes formatos, como peças de teatro radiofónicas e televisivas, seminários e leitura participativa de textos. “Para um autor, é muito importante que o texto seja lido e debatido”, acrescenta Mickaël de Oliveira, diretor artístico do Festival END.

“É um festival de fronteira entre prática e teoria”, afirma o diretor artístico. O evento nasce em 2010, no Teatro São Luiz, em Lisboa, por iniciativa do Colectivo 84, uma associação fundada por Mickaël de Oliveira e John Romão. Apesar de ter sido “uma primeira edição com frutos positivos”, explica que foi “para além da escala da equipa”.

Apenas em 2015 ressurge na sua segunda edição, desta vez na cidade dos estudantes. “Quando passei a integrar a direção do TAGV, pensei que este teatro reunia condições excelentes para desenvolver o projeto”, revela o diretor artístico do Festival END.

Mickaël de Oliveira salienta que a iniciativa aborda o texto dramatúrgico não apenas para teatro, mas também para ‘perfomance’ e dança. “Trata-se também de um espaço de discussões sobre como a dramaturgia é ensinada”, reitera.

“Este festival traz o estado da arte do que acontece na dramaturgia em Portugal, é um ponto da situação do que se passa no teatro, na ‘perfomance’ e na dança”, assegura Mickaël de Oliveira. Para este, o facto de serem encontros é “muito importante para colocar os autores em diálogo com alunos e com o público geral”.

Para o diretor do TAGV, Fernando Matos Oliveira, o festival é “uma espécie de evento paisagem”. Entende ainda que este é um momento “em que os cursos de ensinos artísticos têm crescido e têm-se consolidado”.

“O Festival END olha para um território cuja morfologia permite reconhecer um conjunto de linguagens, temas e formas das práticas de criação”, explica Fernando Matos Oliveira. Este compreende o evento como “uma interface de debate sobre a criação”, pelo que o TAGV se tornou o seu co-produtor.

“O TAGV é a grande janela da universidade para o exterior”, considera Delfim Leão, vice-reitor da Universidade de Coimbra. Para este, a iniciativa está “alinhada com o que a Reitoria pensa para a cultura” e a programação “corresponde ao perfil em que a Reitoria pretende apostar para o público que gosta de teatro”.

O Festival END incorpora ainda A Escola do Espectador Emancipado, projeto que compreende, segundo Mickaël de Oliveira, “um conjunto de escolas do ensino superior e do ensino tradicional com foco no teatro e nas artes do palco”. Nesta edição, a Escola Superior de Arte Dramática da Galiza juntou-se ao projeto, que pretende ser expandido nas próximas edições.

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