Ensino Superior

SHARP Talks abordam importância da aceitação sexual

Diogo Machado

Sexualidade como tema estruturante da sociedade atual. Iniciativa possibilitou confronto de diversas opiniões quanto ao futuro da aceitação das minorias sexuais. Por Diogo Machado

O Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra acolheu hoje, pelas 15 horas, um evento que abordou o tema Minorias Sexuais: da patologização das sexualidades não normativas aos movimentos sociais de defesa dos direitos sexuais. Esta foi a sessão inaugural do ciclo de Conversas/Debate “SHARP Talks – Sexuality, Health and Human Rights”, as quais vão ter mais três sessões.

Maria Gabriela Moita, psicóloga, inicia o seu diálogo com uma apresentação de factos históricos do século XIX ao evidenciar comportamentos desviantes da época, tais como a sexualidade em excesso, a perversão e a “inversão”, antigo termo utilizado para se referir à homossexualidade. Compara depois as diferenças e similaridades entre os tempos atuais e os de há 200 anos ao demonstrar que ideias como mulheres que antes queriam ter relações sexuais em excesso eram doentes e hoje acontece o oposto.

Inicia depois uma abordagem da evolução da investigação quanto à sexualidade ao referir nomes como Kinsey, Masters e Johnson. Sublinha que, dada a evolução das mentalidades e os resultados obtidos com a pesquisa efetuada, estes investigadores começaram a perder investidores. Isto deveu-se à tentativa daqueles que controlavam a sociedade não quererem que ideias como a homossexualidade fossem vistas como normais, segundo Maria Gabriela Moita.

De seguida, encetou-se um debate com os assistentes sobre a temática abordada pelo evento. De entre várias opiniões, concordâncias e discordâncias, houve uma grande dinâmica entre os participantes. Quando questionada sobre a atuação das comunidades LGBT, Maria Gabriela Moita defende que “os grupos reagem consoante aquilo de que são alvos. Se forem atacados podem atacar de volta, mas não se acredita que sejam violentos”. Acrescenta que a atuação destes grupos é importante para dar relevância à existência destes problemas sociais.

O tema da sexualidade e da diversidade sexual é tema estruturante na sociedade já desde a metade do século XX, reitera a psicóloga. “A reorganização social tem de passar por uma identificação e aceitação de todas estas multiplicidades”, realça. Defende ainda que “muita da visibilidade destas diferenças são utilizadas como argumentos políticos, que hoje possibilitam a presença de certos indivíduos no governo”.

Maria Gabriela Moita acredita que um dia vai existir uma convivência saudável entre todos, mas que novas situações vão aparecer e continuar a moldar a sociedade. A próxima “SHARP Talks” vai decorrer no dia 15 de maio, com o tema da intersexualidade, o qual vai ter lugar durante a décima marcha contra a homofobia em Coimbra.

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