Passagem pelos êxitos de álbuns anteriores marcou a noite. Fazer mais e melhor são as expectativas daqui em diante. Por Luís Almeida
“Com tão nobres ancestrais, nossas gentes serão imortais”. Assim o diz o tema “Gentes Imortais” da Tuna de Medicina da Universidade de Coimbra (TMUC). Na noite passada, as portas do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) abriram com a intenção de mostrar a nobreza desses ancestrais. Para celebrar as bodas de prata e o lançamento do seu novo álbum, “Voltar Atrás”, a TMUC trouxe à sua gala alguns grupos com quem mantêm afinidade para enriquecer o festejo.
A começar pela própria faculdade, a Tuna Feminina de Medicina da UC (TFMUC) abriu o espetáculo. Com as primeiras notas de “Caloiro”, começou o serão e a plateia viu-se embalada na melodia. Apesar de ter sido uma atuação curta, a TFMUC não pôde deixar de marcar a sua presença e relembrar os 18 anos de amizade e apadrinhamento da TMUC pelo grupo feminino. Para mostrar que é um amor “do fundo”, dedicaram “Feitiço de Amor” à tuna anfitriã.
Acabada a primeira atuação, entrou em palco o grupo Alma de Coimbra, com quem a TMUC já colaborou noutras ocasiões. Este coro, constituído por antigos estudantes da UC, trouxe fado para encher a sala de espetáculos do TAGV com uma harmonia serena. A começar com “Amália”, passando por “Chuva” e outros temas, e, por fim, “A Gente Vai Continuar”, o público aplaudiu com energia. Para recordar a colaboração aquando do lançamento do último álbum da TMUC, estes juntaram-se aos Alma de Coimbra para entoar a “Canção ao Mondego” em conjunto.
De seguida, chegou a vez da própria TMUC tomar as rédeas do espetáculo. A passar em revista as músicas do novo álbum, apresentou ao público o seu mais recente trabalho. Para começar, o tema que dá nome ao álbum: “Voltar Atrás”, cantada por um antigo tuno. Sempre acompanhados com imagens da tuna no fundo, continuaram a animar os presentes, mas sem nunca esquecer de “beber um copinho só para acalmar”.
“Sete séculos já passaram” e a tuna anfitriã não deixa passar isso em branco. Com “Gentes Imortais”, tentaram “exortar o que mais há de português” na plateia, explicou o apresentador e vice-presidente da tuna, Diogo Dias. Como manda a tradição da TMUC, segundo Diogo Dias, este grupo só toca originais em palco e faz um esforço por apresentar mais temas ano após ano. Nesta noite, presentearam o público com “Serenata”, uma “declaração de amor” cantada.
A seguir ao intervalo subiram ao palco as madrinhas dos anfitriões, as Mondeguinas – Tuna Feminina da UC. Com um começo em mirandês e sempre com um malmequer na orelha “que sorri a quem vier”, embalaram a “magia da cidade”. Como é costume, não puderam abandonar o palco sem entoarem o seu hino, “Mondeguinas”.
Desde 1994 até hoje: os pontos altos da TMUC
Ao longo dos seus 25 anos, a TMUC já conta com quatro álbuns e cerca de 50 originais. Na última parte do espetáculo, os membros fundadores subiram ao palco para entoar “Balada”, um dos primeiros temas do grupo. Luís Teixeira, um dos fundadores, revelou que, no início, a tuna contava apenas com quatro músicas. Em tom de brincadeira, recordou também que, no primeiro festival em que o grupo participou, o único prémio que venceu foi de “tuna mais bebedoura”.
Em entrevista ao Jornal A Cabra, Luís Teixeira reforça que “é sempre bom regressar”. Contudo, refere que o que se sente não é saudade, mas sim saudosismo. Para o antigo tuno, “tudo faz parte de uma fase” e esta já não é a sua fase. Explica que gosta de partilhar o orgulho e ver que o sonho de uma geração se mantém. Quando questionado sobre a sua melhor recordação dos tempos de tuno, disse com um sorriso que “não podia contar”.
Aos poucos, as gerações foram-se juntando no palco e começou uma viagem pelos álbuns anteriores. “Cantar de Estudante”, “Rasganço do Zé”, “Briosa”, “Coimbra dos Amores” e “Voar” foram algumas das músicas que agitaram o público e o fizeram cantar com a tuna anfitriã.
O vice-presidente da TMUC em entrevista ao Jornal A Cabra, fez um balanço positivo do evento. “É fantástico ter aqui as pessoas que contribuíram”, aponta. Daqui em diante, afirma que é necessário “fazer mais e melhor” e “manter a originalidade”. Quanto à tarefa de apresentar a gala, Diogo Dias confessa que devia ter praticado mais a “arte de encher chouriços”.
Fotografias por Ana Francisca Nunes e Pedro Dinis Silva
