Cidade

Inclusão social de pessoas com deficiência discutida em Coimbra

Pedro Emauz Silva

Projeto já está a ser realizado em várias regiões do distrito de Coimbra. Dar voz a pessoas com deficiência e salientar as suas capacidades são os principais objetivos. Por Mariana Rosa

Vão ser realizados, no dia 3 e 10 de dezembro, o I Congresso de Mediação de Pares e a mesa redonda “Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência”, respetivamente. Estes eventos vão contar com a presença de António Magalhães, professor na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC), Adriano Moura, investigador do Centro de Estudos Sociais, e o presidente da Associação ReCriar Caminhos, Manuel Viegas Abreu.

O congresso, que celebra o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, tem como principal objetivo a apresentação dos resultados de um projeto de reabilitação que “potencia a inclusão social e a autonomia através da ajuda mútua entre pessoas com deficiência”, explica Ana Isabel Cruz, coordenadora dos Centros de Atividades Ocupacionais da Associação Portuguesa dos Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra.

O projeto está a ser aplicado nos municípios de Coimbra, Arganil, Montemor-o-Velho e Cantanhede. “A forma como é desenvolvido diverge de acordo com as especificidades de cada comunidade”, revela a coordenadora. Na vila de São Silvestre, o modelo já está a ser posto em prática, onde cerca de 30 jovens vão trabalhar com a população envelhecida da região.

O congresso vai servir para refletir sobre as terminologias e linguagem técnica, utilizadas nesta área nos dias de hoje. Segundo Ana Isabel Cruz, “é preciso começar a utilizar uma terminologia que todos entendam e que não cause confusões”.

O debate/colóquio, que vai ser realizado em mesa redonda, tem como principal objetivo comemorar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Vai ter lugar na Sala 17 de Abril do Departamento de Matemática da UC, local que, de acordo com a presidente da APPACDM de Coimbra, Helena Albuquerque, é especial no que toca ao uso da liberdade. A presidente justifica a escolha do local ao relembrar quando um estudante pediu a palavra e esta lhe foi impedida, dando início à crise estudantil de 1969.

O debate pretende “dar voz às pessoas com deficiência e ouvir o que têm a dizer sobre si mesmas, como é que as outras pessoas as vêm e quais os seus sonhos”, afirma Ana Isabel Cruz. Nele vão ser também discutidas, em mesa redonda, “aquilo que os indivíduos fazem para estragar a autonomia das pessoas com deficiência ou incapacidade”, acrescenta.

Um dos oradores do evento é o criador e presidente da associação ReCriar Caminhos, Manuel Viegas Abreu. O antigo professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC fundou a instituição com o intuito de ajudar as pessoas que sofrem de esquizofrenia, bem como “desmistificar o estigma que isola, excluí e retira direitos humanos às pessoas que sofrem desta doença”. Para além do acompanhamento do doente, a associação promove atividades de apoio e informação aos familiares que “não sabem comportar-se perante uma doença tão estranha”, salienta o orador. O principal objetivo é “reabilitar pessoas esquizofrénicas através de artes como a pintura, escrita ou teatro, porque estas continuam a ter talentos, aptidões e instrução apesar das suas limitações”.

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