Paulo Sérgio Santos viu um jogo molhado pela chuva, mas nem esta conseguiu impedir uma partida seca em eficácia. Escapar à linha de água era um sonho da Académica, mas a turma de João Alves, abalada pela corrente de maus resultados, não fugiu de se afundar por lá contra os Viriatos. Fotografias por Paulo Cardoso e Sofia Gonçalves
Peçanha – 5
Valeu a pena todos os treinos da época passada no Académico de Viseu para, pelo menos, saber o que ia encontrar, até certa extensão, pela frente. Não lhe serviu de grande coisa, mas fica a intenção.
Mike Moura – 3
Escrevemos isto num dos últimos jogos caseiros da época passada:
“Sabem aqueles laterais direitos que vêm do Brasil e que sabem “defender”? Mike é um desses casos. Embora não tenha vindo do outro lado do Atlântico. E não seja brasileiro.
p.s. – o João Simões já pode sair do castigo? E o Coronas da enfermaria?”
Em tempo de reciclagem, de preocupação com os recursos naturais, reaproveite-se (só Coronas já não anda por cá, a não ser que se tenham esquecido dele na enfermaria). E acrescente-se que há uma lentidão cada vez mais preocupante, sem que haja alternativas.
Joel – 4
Que fique claro como toda a água que não abençoou o jogo: tudo é melhor que Nélson Pedroso. Mas passar todos os minutos após a meia-hora de jogo a ser papado por qualquer indivíduo de branco que lhe aparecesse pela frente não é bom cartão de visita.
Brendon – 5
Temos pena do Brendon, a sério que sim. Ninguém merece jogar com um Mike ao lado. Ou um Zé Castro. Ou um Joel. Como os de hoje, que a esperança de um academista é a última a morrer.
Zé Castro – 4
No cômputo geral dos safanços e enterranços, ficou um nível abaixo em relação ao seu colega brasileiro de sector. E, como é óbvio, mais enterranços que safanços.
Ricardo Dias – 4
Na secção “Há algo que se passa na Académica”, Ricardo Dias tem direito a manchete. Mais lento, menos impositivo, o segundo ano em Coimbra é o apogeu da velha expressão “Nunca voltar ao sítio onde se foi feliz”.
Guima – 4
Instruções: ler a parte de Ricardo Dias e trocar “manchete” por “destaque fotográfico”. Em linguagem jornalística, são os pontos altos de uma primeira página. E quase vem bem a calhar, que o sportinguista parece ter ficado por cá por não lhe terem encontrado lugar nos sub-23.
Jean Filipe – 4
Diretamente da saga “Veio emprestado não sei de onde, mas é melhor o que quer que seja do que defesa direito”, este jovem de aspeto nominal franco-português é o apogeu da indecisão futebolística que paira nalgumas mentes que polulam por cá.
Romário (Baldé) – 5
A utilização de nomes de jogadores famosos não confere superpoderes. Se assim fosse chamar-me-ia Ronaldo Bebeto Romário Baggio Eusébio Preud’homme Gaúcho van Basten e pertenceria à realeza futebolística. Repetir cem vezes para ver se entra na cabeça.
p.s. – foi, contudo, dos mais inconformados.
Zé Paulo – 3
O outro de Viseu, mas a quem os treinos serviram pouco. Logicamente, saiu primeiro e, talvez, nem devesse ter entrado.
Djoussé – 2
“Nunca pensámos que chegaria o dia em que sentíssemos falta de Djoussé. Hoje foi o dia.”
Reciclagem, parte dois. Aqui com o acrescento que o Djoussé desta época tem pouco ou nada a ver com o da época passada. Isso ou estivemos na presença de um ‘outlier’, artefacto muito ignorado pelos cientistas, mas odiado pelos adeptos de futebol, quando isso se traduz num jogador que fez a época da sua vida para depois voltar ao que sempre foi.
Traquina – 3
O repentismo está lá, mas a arrancada é lenta. Todavia, continuo sempre à espera de o ver tirar um coelho da cartola.
Marinho – 3
O 7 da Briosa transformou-se naquele doce que sabemos que faz mal e, por isso, só podemos comer no verão, ou seja, 15-20 minutos por jogo.
Hugo Almeida – 2
Está transformado no D. Sebastião da Académica, os sócios ansiando pelos seus fortes remates com o pé esquerdo, quase furando a rede. Mesmo longe de estar a 100%, continua a ser um elemento que pode fazer a diferença.
João Alves – 5
Numa conferência que mais parecia uma “Battle of the 90s”, entre dois pesos pesados da classe treinadora portuguesa, saiu a ganhar Cajuda, com o seu discurso mais lógico e a sua disposição conversadora. Mas, em defesa de João Alves, os estudantes apresentam, ainda que a espaços, um futebol trabalhado. Falta apenas ganhar.
Mancha Negra – 2
A claque tem o seu mérito, sendo um bastião forte no apoio, em casa e fora, à Académica. Mas o grito insultuoso ao guarda-redes adversário, sempre que este bate um pontapé de baliza, é uma prática dispensável, praticamente tão arcaica quanto outras que também têm vindo a ser erradicadas da sociedade portuguesa.
Andorinhas/andorinhões/aves não totalmente identificadas – 8
Acordadas até mais tarde pela iluminação artificial do Cidade de Coimbra, as pequenas aves foram estrelas, com os seus voos, nos momentos de maior adormecimento coletivo. Só não levam nota máxima porque, apesar dos esforços na remoção de insetos, não ficaram até ao final da partida, tal como alguns espectadores.
Com Miguel Mesquita Montes
