Desporto

AAC vs Varzim – Os estudantes, um a um

Em contenda marcada por cima de partida da Seleção Nacional, valeu a vitória e um jogador francês. No próximo domingo é jogo ou cortejo. Texto por Paulo Sérgio Santos e fotografia por João Ruivo

Rui Patrício Ricardo Ribeiro – 2

O guarda-redes da Académica foi, esta noite, um homem atirado aos lobos. Ainda se habituava às aves, morcegos e restante fauna presente no Calhabé e já Diogo Coelho o deixava em maus lençóis. Depois, na segunda parte, certamente a frio, foi João Real a presenteá-lo com mais uma fífia.

João Cancelo Maxwell – 1,5

Um festival de livres pó caraças e lançamentos laterais estapafúrdios. Nii Plange é internacional pelo Burquina Faso (embora uma única vez, contra as Ilhas Comores), Maxwell aprendeu a arte da chicha nos ringues do Norton de Matos ou da Quinta da Maia. Aquele cruzamento final foi a ‘pièce de résistance’.

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Antunes Makonda – 4

A exibição de Tripy poderia ser resumida em dois pensamentos que, por certo, passaram pela mente de muitos academistas: «Cuidado com o joelho do Makonda, que ele é necessário» e «Cantos há muitos, ó palerma, joelhos é que não». Aquele livre e aqueles cruzamentos deviam forçar o Nuno Santos a ser suspenso indefinidamente. O olheiro do Aston Villa deve estar arrependido de ter ficado a ver o Gelson Martins pela televisão.

Pepe e José Fonte João Real e Diogo Coelho – 1,5

Se José Gomes Ferreira escrevesse estas avaliações, os centrais da Briosa teriam, claramente, uma avaliação combinada de 4, resultado claro da soma de 1,5 com 1,5. E teriam feito uma exibição estrondosa, com direito a pagar mais IMI para os ver jogar no próximo fim-de-semana. Se perguntarem a Ricardo Ribeiro, ele vai discordar.

William Carvalho Fernando Alexandre – 2,5

Hoje foi o primeiro dia em que, naquele relvado, não se viu algo à Fernando Alexandre. Nada. Zero. Nicles. Levou porrada, perdeu bolas, aguentou e aguentou tudo. A expectativa de ver um Hulk com a camisola da Académica, verde de raiva, gorou-se.

André Gomes Káká – 1,5

Ponto prévio: o jogo desta noite fez parte do alinhamento de partidas da Ledman LigaPro; e, na Ledman LigaPro, a coisa não é para meninos. Seria de esperar que um jogador que vem do antigo Campeonato Nacional de Seniores já tivesse apanhado sovas de criar bicho ao invés de andar em campo como se de uma plantação de algodão se tratasse. Foi o primeiro a sair, que no próximo domingo há cortejo, perdão, jogo.

Quaresma Marinho – 2,5

E centros, ‘pá? Durante 90 por cento do encontro os seus cruzamentos rivalizaram com o resto dos extremos/alas do plantel estudantil, de uma mediocridade gritante. Nos outros dez por cento foi o «rato atómico» por quem os adeptos suspiram, com uma assistência e um cabeceamento quase a relembrar o golo que deu a última taça.

João Mário Traquina – 1,5

Começou por fazer uma candidatura clara ao lugar de Tozé Marreco, seguindo a velha máxima de «se não acertas na bola, acerta, pelo menos, em algo». Acabou a sentir-se búlgaro.

André Silva Tozé Marreco – 2,5

É o candidato natural ao cargo de secretário-geral da FAB – Frente de Ataque da Briosa. Hoje, perante uma concorrência desleal vinda das alas, um atropelo ao seu desempenho suado, teve de puxar das credenciais e explicar o porquê da sua presença.

Cristiano Ronaldo Pedro Nuno – 1,5

Imagine-se o melhor jogador do mundo, quiçá da Europa ou mesmo de Portugal. Imagine-se, também, um cenário onde ele tem de se decidir por correr para a direita, onde se vai isolar, ou pela esquerda, cercado por três poveiros. O melhor jogador do mundo escolheria, em 99,99999 por cento das vezes, a direita. Pedro Nuno conseguiu, esta noite, fazer o difícil e o fácil: ser o 0,00001 e perder a bola.

Éder Rui Miguel – 2

Marcou um golo e falhou outro.

Gelson Martins Ernest – 1,5

A beleza de ser Ernest é uma indissociação entre o que poderia ser e o que foi. A tristeza da sua expressão é de uma beleza quase poética naquele limiar do esférico que sai do seu pé com uma intenção e, depois de rasgar o ar, acabar a fazer uma coisa completamente diferente. Como, espante-se, ter o desplante de tentar entrar na baliza.

João Moutinho Nuno Piloto – 0

É possível que tenha corrido mas sem sequer tocar na bola. Também é possível que o jogo tenha sido no mesmo dia e hora que o jogo da seleção para destacar o facto de Nuno Piloto se ter estreado há catorze anos pela Académica.

Fernando Santos Costinha – 2

Há qualquer coisa de revolucionário no timoneiro da Briosa. Desde um vasto conhecimento literário (Miguel Torga… e porque não Luís de Camões ou Vitorino Nemésio) a um discurso escorreito, o ministro não falha. O problema são as opções táticas, normalmente a meio da segunda parte. No futebol, o conservadorismo traduz-se pela expressão «em equipa que ganha não se mexe». Ou tática. E um trinco, quando recua para junto dos centrais para iniciar a fase de construção da equipa, não descai para os flancos. A não ser que os centrais sejam bons a construir jogo. O que não é o caso.

Fotografia: João Ruivo

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