Desporto

AAC vs Vizela – Os estudantes, um a um

Num relvado que já conheceu muito melhores dias, e onde a areia já prenuncia final de época balnear, deveria ter havido Ronaldos. Ao contrário, houve 14 jogadores de negro esforçados mas que podem apenas almejar a ser eles próprios. Por Paulo Sérgio Santos

Num relvado que já conheceu muito melhores dias, e onde a areia já prenuncia final de época balnear, deveria ter havido Ronaldos. Ao contrário, houve 14 jogadores de negro esforçados mas que podem apenas almejar a ser eles próprios. Por Paulo Sérgio Santos

Ricardo Ribeiro – 2

Se Miguel de Cervantes y Saavedra vivesse no século XXI, Ricardo Ribeiro seria o seu Dom Quixote, um guarda-redes em luta contra a sua inconstância, a alternância de voos rapinantes para a fotografia com deslizes que fazem o titular da baliza de Gibraltar parecer Lev Yashin.

Alexandre Alfaiate – 2

Obrigado a correr por Nii Plange quando essa não é a sua função primordial em campo, ficou nos balneários ao intervalo, numa jogada que já é típica de Costinha: colocar em campo jogadores acabados de chegar ao clube.

Nuno Santos – 2

Estava decorrido o primeiro minuto da partida quando Nuno Santos resolveu indagar o sentido de moda do juiz da partida e descobrir se os cartões deste seriam da mesma cor do seu equipamento vermelho. A equipa suspirou ao ver sair um amarelo do bolso e, a partir daí, o lateral da Briosa voltou a si, numa sucessão de passes transviados e centros sem sentido. Menos nos últimos 15 minutos, como já vem sendo hábito.

João Real – 2,5

Um dos melhores elogios que se pode dar a um central é que não tenha dado nas vistas. O 13 da Académica passou despercebido à maioria dos presentes no Cidade de Coimbra mas disse presente quando necessário.

Diogo Coelho – 2,5

Um central podia ser um pinheiro, termo cunhado por um antigo treinador da Briosa, Paulo Sérgio. Aos 24’ o central academista elaborou essa teoria, conduziu a experiência e os resultados só não foram os esperados porque havia um campeão da Europa de sub18 na baliza do Vizela. Durante o resto do tempo, dedicou-se a melhorar o protocolo da experiência, com vista a posteriores repetições.

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Fotografia: João Ruivo

Fernando Alexandre – 3

Ao quinto minuto mostrou ao que vinha, com uma entrada durinha a um vizelense, que causou um arrepio coletivo na bancada. Chama-se a isso mostrar credenciais. E atestar a sua área de ação: numa altura que o mercado imobiliário de Coimbra se agita, há ali, no Calhabé, 25m2 de excelência para alugar. Sim, leu bem, alugar e não arrendar, que o subcapitão da Briosa é do mais móvel que existe.

Jimmy – 2,5

Pode-se continuar a descrever o médio cabo-verdiano dos estudantes, que não faltam adjetivos. Tentacular é o mais recente a vir à cabeça, numa exibição em que a sua influência se espraiou pelo relvado mas foi mais sóbria que as anteriores.

Marinho – 2

O capitão sente a camisola mas precisa que haja mais dez jogadores em campo, nessa totalidade, que a sintam da mesma forma. Como isso não acontece, o “rato atómico” perde-se em protestos e irrita-se com a lentidão de Nuno Santos. Não ficando até ao último quarto de hora, torna-se complicado entender o fenómeno do lateral esquerdo.

Nii Plange – 1,5

Na primeira parte, Nii Plange correu uma única vez, qual Forrest Gump. Corria para o Registo Civil, para mudar o nome para Maxwell, quando alguém lhe lembrou que, aos domingos, nem a Loja do Cidadão. Na segunda parte recuou para a lateral direita onde provou um pouco do veneno que deu a Alfaiate na primeira. Permanece uma incógnita se foi Maxwell ou Nii Plange a isolar o jogador vizelense para o único tento da partida.

Kaká – 2,5

Possível vítima da ‘rentrée’ noturna conimbricense, continuou como um dos destaques da formação estudantil, não dando a entender grandes dificuldades. Mesmo que a Académica perca, é sempre um prazer ver o ex-Mafra fazer uma dupla cueca e tratar a bola já quase ao nível de um Marinho.

Rui Miguel – 2,5

Este tipo de filmes, “Quem quer ser…?”, tem sido comum na filmografia estudantil, versão 16/17. Hoje, em cartaz, esteve “Quem quer ser Tozé Marreco?”, com o avançado da Briosa como principal protagonista. Se as suas corridas fazem agora alguma mossa na defensiva contrária, os remates ficam pela sua ineficácia.

Ernest – 0,5

O novo reforço dos estudantes, por empréstimo do Moreirense, entrou para tentar, certamente, resolver algum problema. Perdeu-se, no longo passar dos minutos, em mais uma finta, mais um malabarismo. E denotou uma apetência enorme para ensaios de três pontos. Talvez com mais 90 minutos conseguisse acertar na baliza.

Pedro Nuno e Tozé Marreco – 0

O primeiro, o melhor jogador da II Liga e com lugar nas melhores da I (palavras de Costinha), não se viu nos mais de 20 minutos que esteve em campo. Tem, quiçá, a desculpa de ter estado na prateleira desde o final da época passada, à espera de uma brumosa transferência. Já o ponta-de-lança poderia ter sido o homem do jogo. Poderia, se a sua entrada tivesse tido a sorte de mudar o jogo. Não teve, fica para a próxima.

Costinha – 2

A equipa não joga mal, nada disso. Há até alguns processos que fazem pensar em grandes palcos europeus. Mas a ideia que fica é que, ao fim de seis jogos, Costinha ainda não sabe o que fazer ou o que pretende da equipa. Se a explicação anterior parece um contrassenso, imagine o treinador da Académica a desejar que os seus jogadores fossem Ronaldo.

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