Investigação procura pontos de comparação avaliativa com outros países, ao olhar para os exames de acesso ao ensino superior. Origem, críticas e utilização do ENEM para acesso à UC são objeto de debate. Por Flávia Alves e Philippe Alexandre Baptista
Chegar a uma melhoria do ensino português tendo como base uma comparação com outros modelos é o mote da conferência que decorre amanhã, 21, no Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (DM/FCTUC). “Exames no Brasil em análise na Universidade de Coimbra” é o título da iniciativa que pretende explorar métodos de avaliação diferentes, como o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM).
Este evento inclui-se num “projeto de investigação sobre os exames nacionais em Portugal”, segundo as palavras de Jaime Carvalho e Silva, docente do DM/FCTUC. A palestra é dividida em duas partes. A primeira é uma análise sobre o passado, presente e futuro do ENEM, seguida de um debate acerca da unificação do currículo escolar no Brasil.
O ENEM nasceu para uniformizar o acesso ao ensino superior no Brasil. Antes dele, existia o vestibular, que era um exame realizado “junto da universidade ou dos grupos de universidades, em que cada estado realizava o seu próprio exame”, de acordo com Jaime Carvalho e Silva.
O vestibular criava problemas de avaliação que deixavam alunos sem faculdade no inicio do ano letivo. Assim “nasceu o ENEM, para que os alunos, terminado o ensino secundário, tivessem apenas de fazer uma prova e depois pudessem candidatar-se à universidade que quisessem”, adianta Jaime Carvalho e Silva.
No entanto, surgem criticas ao ENEM, “em relação à administração do exame” e ao “facto de ser uma prova nacional para todo o Brasil, que não dá atenção as especificidades e dificuldades de cada estado”, explica o docente. Ou seja, é uma avaliação que não tem em conta as desigualdades sociais e económicas brasileiras.
O ENEM pode ser usado como prova de ingresso em Portugal, pois “é uma prova de qualidade reconhecida”, conta Jaime Carvalho e Silva. O docente acrescenta que “o sistema de comparabilidade adotado pela UC é adaptável a todo os países onde haja exames nacionais de acesso”.
O próximo país a ser analisado sobre os exames que propõe vai ser Alemanha, com a presença da diretora da Escola Alemã de Lisboa. A sétima de doze palestras inicia-se pelas 10h, na sala Pedro Nunes do DM/FTCUC.

Fotografia: DR
